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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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circunstâncias. Os autonomistas esperavam que a Constituição reconhecesse sem reservas a<br />

personalidade das diversas nacionalidades que integram o Estado e desse possibilidade a uma série<br />

de Estatutos que lhes garantissem a autonomia. Reconheceu-se a realidade catalã num estatuto –<br />

diferente do que a Catalunha queria – mas, por medo, porque a Catalunha já tinha posto em marcha a<br />

sua liberdade e estava disposta a não perdê-la, custasse o que custasse. O governo acreditou possível<br />

uma guerra separatista e aterrorizou-se. Mas, para Galiza, Andaluzia e o país Vasco-Navarro, a<br />

solução foi bem diferente: consistiu em reconhecer só em parte o seu direito de autodeterminação e<br />

dar-lhes uma esperança de estatuto, mas em condições que na prática se tornavam impossíveis de<br />

cumprir. E o curioso é que, por uma dessas virações incompreensíveis dos espanhóis, as direitas se<br />

tornaram centralistas e as esquerdas federalistas. Mas as esquerdas renunciaram logo aos seus<br />

postulados, receosas de irritar as direitas. Essencialmente, a estrutura do estado continuava<br />

exatamente igual ao que fora sob o império absolutista.<br />

O desencanto dos estudantes deveu-se à que nenhuma das aspirações deles fora<br />

satisfeita. Essas aspirações eram a contratação de um corpo docente capacitado, a melhora<br />

das instalações universitárias, a criação de um plano de bolsas, o aumento das viagens de<br />

estudos, a reforma e ampliação de bibliotecas e museus, a concessão de ajudas para<br />

publicar e expor, a oferta de concertos e exposições e a construção de residências<br />

universitárias 492 . Mas, segundo ele, as diretrizes e a praxe do regime monárquico no ensino<br />

prolongaram-se, em geral, nas atuações da II República, havendo-se esvaído pela covardia<br />

e pela corrupção as poucas medidas tomadas para a reforma do ensino universitário.<br />

Se, para Las Casas, o primeiro biênio republicano foi uma fraudelência, a gestão da<br />

direita é qualificada por ele como igualmente desastrosa. Nem o Partido Radical – “em<br />

realidade a extrema direita da república” – nem a CEDA souberam agir com decisão e<br />

acerto. O chefe da CEDA, Gil Robles (“meu velho e bom amigo”), é, no entanto louvado<br />

492 Las Casas sintetiza quais eram as aspirações dos estudantes e como se produziu a sua decepção pela<br />

ineficiência das reformas educacionais na II República. Nesse sentido, ele assume o papel de porta-voz dos<br />

estudantes e, como tal, expressa: “Os estudantes tinham sonhado grandes museus, ricas bibliotecas,<br />

faculdades modernas e bem dotadas, boas revistas de fácil aquisição, frementes concertos e exposições de<br />

arte, viagens de estudo ao estrangeiro, residências econômicas e cômodas – e, sobretudo, um professorado<br />

jovem e eficaz, quente de vocação, cheio de entusiasmo – isso que agora se chama política de espírito.<br />

Imaginai seu desencanto. As universidades continuaram pobremente instaladas em velhos casarões, com seus<br />

porteiros asmáticos, suas janelas sem vidros, suas más bibliotecas sempre fechadas, seus reitores barbudos e<br />

seus professores esgotados, que vão às aulas como Cristo a caminho de Gólgota. Boas revistas não aparecem<br />

e toda iniciativa do gênero continua confiada à aventura particular. O cativeiro das sujas pensões prossegue<br />

irremediável. O que sentia sede de comunicação espiritual, viu que expor um quadro, publicar um artigo ou<br />

editar um livro era empresa mais difícil que conquistar um continente. As pensões para estudar no estrangeiro<br />

continuam sendo concedidas aos filhos dos milionários – e aquele famoso barco universitário que percorreu o<br />

Mediterrâneo, só levou filhos, sobrinhos ou genros de catedráticos. Nada, nada! E para isto fizemos a<br />

república!”.<br />

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