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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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fizeram por um efeito mecânico da sua natureza; a necessidade de adaptação para a<br />

aceitação social com vistas ao sucesso no trabalho e à ascensão econômica nem sempre foi<br />

compatível com a exposição e a reivindicação identitária.<br />

No seu ensaio sobre a imigração galega em São Paulo, Elena Pájaro Peres (2003:<br />

41) considera que a acima mencionada escassez de fontes documentais para a pesquisa<br />

revela o perfil “transitório, fracionário, dispersivo, desordenado e instável” do fenômeno<br />

migratório galego no Brasil. Por sua vez, a respeito das lacunas bibliográficas, Bassanezi<br />

(1995: 24-25) assinala uma possível causa. A autora aponta que no baixo índice de<br />

alfabetização dos imigrantes espanhóis e na ligação ao movimento operário brasileiro dos<br />

imigrantes intelectuais pode estar a explicação da muito limitada produção escrita dos<br />

imigrantes espanhóis a respeito da cultura diferencial espanhola 155 .<br />

Nos períodos de grande afluência imigratória, nenhuma das associações estaduais<br />

espanholas se erigiu como a coordenadora de todas, nem o pretendeu. Também não houve<br />

um periódico espanhol que fosse distribuído pelo Brasil com a pretensão de funcionar como<br />

porta-voz estável de todo o coletivo espanhol. Percebe-se que a abrangência regular de cada<br />

periódico era o espaço das associações de patrícios instaladas em um mesmo estado. Apesar<br />

de algum ambicioso projeto, como foi a revista La Estirpe durante a década de 1920 no Rio<br />

de Janeiro, não triunfou nenhuma publicação periódica espanhola que pudesse forjar e<br />

dirigir um horizonte de expectativas para alguns setores das colônias de imigrantes<br />

repartidas por todo o país.<br />

Para compreender o percurso das associações de imigrantes a partir de 1930,<br />

cumpre reparar nos efeitos da orientação nacionalista da carta magna de 1934 156 . Logo é<br />

devido a sua dispersão, a integração desses imigrantes espanhóis ocorreu com alguma rapidez já na segunda<br />

geração”.<br />

155 Além dos periódicos em língua espanhola estreitamente vinculados às associações étnicas dos imigrantes<br />

espanhóis no Brasil, publicaram-se, em espanhol, outros de caráter divulgador geral sobre o Brasil e circulou<br />

também uma imprensa proletária em espanhol. No final do século XIX houve uma publicação em espanhol<br />

que oferecia “cultura geral” e amenidades para os interessados em informações sobre o Brasil. Tratou-se do<br />

periódico bimensal Revue du Brésil, iniciado em 1896, com sede em Paris, redigido em três línguas – francês,<br />

italiano e espanhol –, o qual manifesta que se dirigia a leitores estrangeiros. Houve também periódicos que<br />

funcionaram como porta-vozes do movimento sindical do operariado estrangeiro do Brasil. Foi o caso do<br />

jornal O Socialista – órgão do Centro Socialista de São Paulo –, que veio à luz em 1896, redigido em<br />

português, italiano, espanhol e alemão, e do semanário socialista revolucionário O grito do povo, lançado em<br />

1900 em edição trilíngüe – português, italiano e espanhol – (Cf. Martins, 2001: 82).<br />

156 No Art. 131 do Título IV, Da ordem econômica e social, dispunha-se o seguinte: “É vedada a propriedade<br />

de empresas jornalísticas, políticas ou noticiosas a sociedades anônimas por ações ao portador e a<br />

estrangeiros. Estes e as pessoas jurídicas não podem ser acionistas das sociedades anônimas proprietárias de<br />

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