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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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mapa do mundo planeava: retificação de fronteiras, modificações constitucionais, crises de regimes<br />

políticos, nova distribuição das colônias, situação das minorias étnicas, etc. E uma imensa quantidade<br />

de palavras – que só eram palavras no fim de século – encheram-se de conceitos: pátria, povo, raça,<br />

estado, Império...<br />

Perto de vinte anos correram desde então e, talvez porque o nosso apego à vida é cada dia mais<br />

entusiasta, porque a nossa vontade de paz é cada vez mais forte, porque o medo de uma nova guerra<br />

é cada dia mais pavoroso, as nossas preocupações seguem tenazes em torno do sentimento da<br />

nacionalidade e da concepção do Estado, seguros de que por este quadrante virão os ventos da nova<br />

guerra, que esmagará por dezenas de anos este anseio de amor com que hoje estendemos os olhos<br />

pelo mundo (Lasa Casas, 1937b: 10).<br />

“A pátria” é, para Las Casas, a impressão e a apreciação física do espaço nativo e é,<br />

portanto, um espaço volátil, pois depende do lugar de nascença de cada indivíduo quem,<br />

por sua vez, é modulado e, logo, diferenciado, zoologicamente, na sua fisionomia e na sua<br />

inteligência, por ela. As pátrias, assim, nascem com os indivíduos e distinguem-nos entre<br />

si, distinguindo também, em decorrência disso, os povos aos que pertencem a partir da sua<br />

percepção sentimental de referentes geográficos. O amor dos indivíduos pelas suas pátrias é<br />

engendrado de forma instintiva e surge mediante a contemplação. Fruto do jus soli, elas<br />

convertem-se em uma sensação telúrica constante, com independência de discernimentos<br />

sobre a beleza e a bondade do seu espaço e são, em conseqüência, inesquecíveis. Essa<br />

sensação é provocada pela humanização da terra com as cinzas dos antepassados e pela<br />

ligação da terra com requintados valores espirituais. Contudo, para que um indivíduo<br />

reconheça os limites geográficos da sua terra, tem que perceber as mudanças da paisagem<br />

da sua pátria em relação à paisagem da pátria dos outros. Diz o autor: “A pátria (nós,<br />

gallegos, substituímos esta palavra por outra, mais concreta e muito mais expressiva – a<br />

terra) anda em nossos olhos, nos olhos do corpo, até o último instante da nossa existência”<br />

(Las Casas, 1937b: 11). Destarte, ele confere à pátria uma função determinista:<br />

Nossos olhos estão mais ou menos cerrados segundo nossos primeiros anos correram entre os gelos<br />

finlandeses ou nas margens do Mediterrâneo; nossa pele será mais ou menos áspera ou suave<br />

conforme em menino tivéssemos habitado no alto da cordilheira andina, à beira do mar Cáspio ou na<br />

mole tibieza galaica. [...] “Nihil est in intellectus quod prius fuerit in sensu”. Atrai-nos o álcool se<br />

vivemos em meios frios, domina-nos a preguiça se habitamos nos trópicos, e somos apaixonados,<br />

violentos, coléricos, nostálgicos, sentimentais, pacíficos, um pouco pela temperatura que nos criou e<br />

pelas primeiras visões que nos deu a natureza. [...] A pátria é forma, elemento sensual e por isso é<br />

compreendida ainda pelo pervertido e pelo degradado, incapazes de perceber valores espirituais. De<br />

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