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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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desenhistas, pintores, carpinteiros, marceneiros, canteiros, pedreiros, nos trabalhos de<br />

urbanização e construção da cidade 195 . A especialização profissional desses sujeitos fez<br />

com os seus nomes fossem anotados. Os espanhóis constituíram na época a terceira colônia<br />

de estrangeiros, após os italianos e os portugueses, mas segundo o autor, a sua presença foi<br />

menos perceptível do que a das outras nacionalidades. Nesse sentido, Renato de<br />

Assumpção e Silva destaca que eles não se agruparam em nenhum bairro, não construíram<br />

um hospital para a sua comunidade, mantiveram poucos contatos com a sua pátria e se<br />

integraram facilmente na sociedade belo-horizontina. O autor menciona o primeiro<br />

recenseamento – o de 1920 – em que se discriminam os estrangeiros residentes por<br />

nacionalidades. Assim, nesse ano haveria no Estado de Minas Gerais 6.800 espanhóis, dos<br />

quais 444 residiriam estavelmente em Belo Horizonte 196 . Foi no ano de 1912 quando entrou<br />

no estado um maior número de espanhóis, 648 indivíduos 197 . Renato de Assumpção alude à<br />

195 No Dicionário biográfico de construtores e artistas de Belo Horizonte: 1894-1940 (IEPHAM, 1997)<br />

localizamos 12 notas biográficas de mestres de obra espanhóis. Na atualidade, a colônia de galegos de Belo<br />

Horizonte vem assumindo, como a sua primeira representação, o trabalho dos operários que cortavam e<br />

colocavam a pedra do piso das ruas e dos meios-fios. Esses precursores configuram um estereótipo digno,<br />

pois marcam o primeiro degrau na ascensão à propriedade de empresas da construção e de firmas dedicadas à<br />

extração de mineral (Cf. Bahillo, 1998: 21-24).<br />

196 Quatro décadas após a sua divulgação, os dados do recenseamento de 1920 foram comentados por Arthur<br />

Ramos (1962: 113-15) como se segue: “O Recenseamento de 1920, consignou 219.142 Espanhóis no Brasil,<br />

dos quais 171.289, ou seja 78,2%, viviam em São Paulo. Os grupos restantes assim se distribuíam: Rio de<br />

Janeiro (capital), 18.221 (8,3%); Minas Gerais, 6.809 (3,1%); Rio Grande do Sul, 5.359 (2,5%); Bahia, 4.900<br />

(2,2%). O Recenseamento de 1940, de acordo com os dados provisórios já disponíveis (BOLETIM<br />

MIMEOGRAFADO n. 297), consigna 148.074 Espanhóis, ou seja 11,53% do total dos estrangeiros presentes<br />

no Brasil. É preciso lembrar que no Recenseamento de 1920, os brasileiros naturalizados foram incluídos<br />

entre os estrangeiros, ao passo que em 1940, só foi feita a computação dos estrangeiros, com exclusão dos<br />

naturalizados. A distribuição pelas regiões fisiográficas é a seguinte: Norte, 1.407; Nordeste, 327; Este,<br />

18.569; Sul, 127.327; Centro-Oeste, 444. São Paulo tem o número maior, com 121.316 Espanhóis, ou seja<br />

81,93%, seguindo-lhe o Distrito Federal com 11.495, ou seja 7,74%. Em São Paulo, o Espanhol competiu<br />

com o Italiano, nos trabalhos agrícolas das fazendas de café, achando-se hoje espalhados pelas zonas da<br />

Noroeste, Alta Sorocabana e a Araraquarense. Plantando seu pé de café, o agricultor espanhol tem ainda as<br />

suas criações de gado e hoje já se transforma em pequeno proprietário, preferindo trabalhar por conta própria.<br />

Na baixada santista, é ele o maior plantador de bananas. Nas cidades, como o Rio, São Paulo, Santos, Bahia,<br />

os Espanhóis são pequenos proprietários de armazéns de comestíveis, dedicam-se a outras atividades de<br />

pequeno comércio, ou se empregam como garçons, chauffeurs, trabalhadores de docas, etc. Sua influência<br />

cultural é hoje insignificante, a não ser, [...] nas zonas marginais, de antigos influxos históricos, ou de novas<br />

vizinhanças geográficas na fronteira ocidental. Aí se podem facilmente reconhecer certos padrões culturais,<br />

quer materiais, quer não materiais, de origens espanholas, ou melhor hispano-americanas, no traje, no<br />

linguajar, no FOLK-LORE, oral e musical, nos hábitos de vida...”.<br />

197 Ao censo de 1912 também recorre Luciana Teixeira de Andrade em sua tese de doutorado – transformada<br />

em livro sobre o título A Belo Horizonte dos modernistas (Andrade, 2004) – sobre as ambivalentes<br />

representações de Belo Horizonte, como cidade moderna, criadas pelos modernistas mineiros Cyro dos Anjos,<br />

Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade. A autora destaca a pouco significativa participação do<br />

imigrante estrangeiro nas três primeiras décadas de existência de Belo Horizonte no séc. XX (Andrade, 2004:<br />

77-82).<br />

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