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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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perturbavam a sociedade paulista por desenvolverem ideologias “exóticas” através da sua<br />

militância sindical.<br />

O movimento operário em São Paulo desde a proclamação da República até a<br />

Revolução de 1930, junto ao do Rio de Janeiro, consolidou-se como tema de estudo na<br />

década de 1980. As investigações realizadas contêm alguns dados sobre a participação de<br />

imigrantes espanhóis. Assim, elas mostram como se associaram a esses trabalhadores<br />

imagens de desordem e rebeldia. Esses estudos, embora não tenham identificado nenhum<br />

imigrante espanhol do primeiro quarto do séc. XX como uma grande liderança sindical ou<br />

política – anarquista, socialista ou sindicalista revolucionária – referem que,<br />

quantitativamente, foi relevante a participação dos espanhóis no movimento operário,<br />

sobretudo no anarquismo, havendo estes protagonizado momentos de grande importância<br />

simbólica na história das lutas operárias no Brasil. Assim, o Primeiro Congresso Operário<br />

do Brasil teve lugar no Centro Galego da rua da Constituição, no Rio de Janeiro, de 15 a 20<br />

de abril de 1906 229 , e, tal como indica Paula Beiguelman em Os companheiros de São<br />

Paulo (Beiguelman, 1977: 85), o primeiro trabalhador falecido em enfrentamentos com a<br />

polícia foi um imigrante espanhol, José Ineguez Martinez, um jovem sapateiro baleado aos<br />

9 de julho de 1917 no bairro do Brás, na cidade de São Paulo 230 . Além disso, em 1900<br />

começara a circular, em São Paulo, um semanário socialista revolucionário em espanhol, El<br />

grito del pueblo, e um operário gráfico espanhol, Manuel Moscoso, quem já colaborara no<br />

jornal A Terra Livre, dirigiu A Voz do Trabalhador, o jornal anarquista editado pela<br />

229 O Congresso Operário, reunido no Rio em 1906, reivindicou o ensino laico, a emancipação feminina, a<br />

diminuição das horas de trabalho e a proibição do emprego de crianças. No ano seguinte foi aprovada a lei<br />

Adolfo Gordo – Lei n. 1.641, de 7 de janeiro de 1907 –, prevendo a deportação dos imigrantes anarquistas<br />

[“Art. 1° – O estrangeiro que, por qualquer motivo, comprometer a segurança nacional ou a tranqüilidade<br />

pública pode ser expulso de parte ou de todo o território nacional”]. Essa lei está disponível em:<br />

. Acesso em: 4 mai. 2009.<br />

230 O incremento nas demandas trabalhistas através do movimento sindical fez com que, entre 1907 e 1921, as<br />

autoridades brasileiras reagissem dispondo a expulsão do território nacional de 113 espanhóis, sob a acusação<br />

de ter promovido as greves operárias. Em 1889, na cidade portuária de Santos, desatara-se a primeira grande<br />

greve proletária que teve lugar em uma cidade brasileira. A participação de imigrantes portugueses e<br />

espanhóis nessa greve foi constatada por Beiguelman (1977: 129). Para normalizar a situação fora necessária<br />

a intervenção do cônsul português e do cvônsul espanhol junto aos seus patrícios operários. Em relação ao<br />

movimento grevista, é preciso apontar a atuação dos grupos anarquistas (compostos em grande parte por<br />

imigrantes italianos e espanhóis) nas grandes greves revolucionárias paulistas e cariocas da década de 1910,<br />

sobretudo nas greves de 1917 e 1919 que paralisaram a cidade de São Paulo por vários dias e que também<br />

agitaram a vida da capital federal.<br />

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