26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que atuaram no Brasil. O primeiro dos músicos salientados é Oscar Lorenzo Fernandez 397 ,<br />

brasileiro de pais galegos. Sobre ele reproduz o comentário que ao seu respeito fizera Villa-<br />

Lobos na mencionada entrevista da revista Santiago:<br />

397 A Divisão de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro oferece, no seu site<br />

(Acesso em: 4 de abril de 2008), um perfil ilustrado do<br />

compositor, professor, regente e divulgador Oscar Lorenzo Fernández. No texto, duas obras são apontadas<br />

como fontes principais dos dados utilizados. Elas são Lorenzo Fernadez: compositor brasileiro, de Eurico<br />

Nogueira França, e História da Música Brasileira, de Francisco Aquarone. Nesse perfil, consta que os pais do<br />

músico eram espanhóis, que o Centro Galego do Rio de Janeiro foi o seu primeiro palco e que duas – Rainha<br />

Moura e Arabesca – das suas primeiras obras tinham a ver com a identidade muçulmana espanhola. Destacase,<br />

sobretudo, a inserção do músico na corrente nacionalista da música brasileira atuante na década de 1930, a<br />

qual demandava a adoção de posturas estéticas estreitamente relacionadas com a realidade cultural brasileira:<br />

“Lorenzo Fernandez nasceu no Rio de Janeiro a 4 de novembro de 1897. Filho de pais espanhóis, teve uma<br />

formação tipicamente européia, de acordo com a qual os jovens eram obrigados a estudar música.<br />

Inicialmente, aprendeu a tocar piano de ouvido. Percebendo seu entusiasmo, sua irmã Amália, que era aluna<br />

de Henrique Oswald, resolveu ensinar a ele as primeiras noções teóricas. Lorenzo, ainda rapaz, começou a<br />

tocar nas festas dançantes do Centro Galego, e, muito envolvido com a música, compôs, aos dezoito anos, a<br />

ópera Rainha Moura, baseada em um romance popular espanhol do século XIX. [...] Desde menino<br />

apaixonado por música, esse era o momento de dedicar-se ao instrumento. Em 1917, Lorenzo Fernandez<br />

ingressou no Instituto Nacional de Música [...]. No ano seguinte, aproximou-se de Alberto Nepomuceno [...].<br />

Em 1920, Lorenzo apresentou-se pela primeira vez em concerto, com as suas obras Arabesca e Miragem.<br />

Dois anos depois, suas composições Noturno, Arabesca, Cisnes e Ausência foram premiadas em concurso<br />

internacional promovido pela Sociedade de Cultura Musical do Rio de Janeiro. A amizade de Lorenzo com<br />

Mário de Andrade [...] fez do poeta modernista um atento interlocutor. Em 1924, o jovem compositor se<br />

destacou com Trio Brasileiro, recebendo do autor de Macunaíma o elogio: “O Trio Brasileiro (...) já revela<br />

um artista em plena posse e emprego de sua personalidade poderosa. Nele, Lorenzo Fernandes, inteiramente<br />

convertido nos tipos melódicos e rítmicos nacionais, criou uma obra de suma importância (...) que serve para<br />

marcar uma data da evolução musical brasileira ...” (FRANÇA, Eurico Nogueira. Lorenzo Fernades:<br />

compositor brasileiro. Rio de Janeiro: s.ed., 1950 p. 18). A parceria com o poeta resultou em Toada pra Você,<br />

editada no mesmo ano pela Casa Beviláqua, obtendo enorme sucesso. Entretanto, o reconhecimento público<br />

como grande compositor ocorreu apenas em 1929, com a apresentação do poema sinfônico Imbapara, sob a<br />

regência de Francisco Braga. Utilizando temas ameríndios autênticos retirados dos fonogramas gravados por<br />

Roquete Pinto no Mato Grosso, Lorenzo Fernandes obteve uma repercussão bastante favorável nos meios<br />

musicais. Um ano depois, com a primeira audição de Reisado do Pastoreio, conseguiria a consagração<br />

definitiva. Batuque, uma das três partes que compõem a obra, é sua peça mais famosa, tendo sido interpretada<br />

por Toscanini e Bernstein. Inspirado em texto de Graça Aranha, mentor da Semana de Arte Moderna, Lorenzo<br />

compôs a ópera Malazarte, que estreou em 1941 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. As influências do<br />

folclore nacional e da linguagem modernista estão impressas na montagem da ópera e da música. “Pretendi<br />

fazer uma coisa bem diferente do que se fez até hoje por aqui. Coisa brasileira, brasileiríssima. Mas de um<br />

brasileirismo bem compreendido, é claro. Não chamo de brasileirismo às tentativas vulgares de explorar a<br />

corda desafinada dos nacionalistas baratos. Para mim, brasileirismo é o sentido íntimo que toda obra nossa<br />

deve ter, essa qualidade de nascer da nossa terra” (Lorenzo Fernandez. In: Aquarone, Francisco. História da<br />

Música Brasileira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1944. p. 49). Nesse período, caracterizado pelo<br />

aproveitamento de temas folclóricos, foram criadas, além das obras mencionadas acima, Valsa Suburbana e as<br />

Suítes Brasileiras, para piano solo, e Essa Nega Fulô, para canto e piano. A partir de 1940, Lorenzo voltou-se<br />

para uma composição mais universalista, criando obras como as duas Sinfonias, o 2o Quarteto e a Sonata<br />

Breve. De acordo com Vasco Mariz, sua última obra, Variações Sinfônicas, representa a síntese das diferentes<br />

fases de Lorenzo, unindo universalismo e nacionalismo. [...] Em 1931, Getúlio Vargas pediu a Luciano Gallet<br />

(diretor do Instituto Nacional de Música), Mário de Andrade e Sá Pereira que elaborassem um programa de<br />

reforma do ensino oficial da música. Estes propuseram o Método Dalcroze, que apresentava uma didática<br />

renovadora, compatível com os ideais modernistas; porém, o programa só se concretizou em 1937, ocasião<br />

em que Lorenzo Fernandez, diretor do Conservatório Nacional de Música, começou a desenvolver o método.<br />

574

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!