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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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mas também!...” –, e deprecia uma dança típica da bacia araguaiana, a catira. Já em<br />

Leopoldina, Oliveira (s/ d: 21-30) observa que o povoado é decadente, sórdido e miserável,<br />

com poucos moradores, com habitações insalubres, sem escolas, nem telégrafo, nem<br />

oficinas, praticamente isolado por terra e com um comércio reduzido a umas poucas vendas<br />

que servem arroz, feijão, farinha, cachaça e fumo. Sobre as características sociais do<br />

povoado expõe:<br />

o que mais me chama a atenção em Leopoldina é a falta de qualquer espécie de trabalho organizado.<br />

Vive-se em pleno regime de expedientes, de biscates, de improvisação; ganha-se algum dinheiro<br />

quando chega um barco ocasional, vindo do Pará, carregado de pirarucu, ou quando vem um<br />

caminhão de Goiás, buscar o peixe salgado aqui armazenado, os couros de ariranha, as solas, etc.<br />

Premidas por extrema necessidade econômica, as mulheres entregam-se ao meretrício, largamente,<br />

um meretrício ingênuo e sórdido... Segundo me informaram várias delas, cobram pelas suas misérias<br />

quarenta cruzeiros, mas acabam recebendo cinco ou mesmo menos, “pois eles não pagam mais...”<br />

Eles – são os garimpeiros que voltam de seus garimpos, loucos por mulheres e cheios de doenças...<br />

Elas – são pobres infelizes, mal saídas de uma infância triste, mulheres quase impúberes,<br />

prostitutinhas – existe este diminutivo? – prostitutinhas de pouco mais de treze anos... Uma tristeza!<br />

(Oliveira, s/ d: 23-24).<br />

Frente à população dos duzentos “civilizados” tristes, subnutridos, mórbidos,<br />

inadaptados e indolentes de Leopoldina, quase toda de mulatos e caboclos – o autor<br />

menciona que em 1947 havia lá dois ou três brancos –, Oliveira sopesa, após examinar 14<br />

deles, que os índios viviam em melhores condições econômicas, higiênicas e culturais<br />

devido à sua integração no meio físico. O único que compraz Oliveira é o tamanho e a<br />

beleza do rio Araguaia em si.<br />

Todavia, a cidade de Leopoldina fora considerada por Casais um destino turístico. É<br />

claro que, para Casais, esse município era um destino turístico só desejável pelo turista<br />

moderno, um turista moderno que, em Leopoldina, ainda não abundava, embora já fosse, na<br />

visão de Casais, um destino procurado por supostos pescadores e caçadores esportivos.<br />

Casais acredita que Leopoldina vive, em primeiro lugar, do turismo e, em segundo,<br />

da riqueza do rio Araguaia, ainda, naquelas datas, pouco explorada. Para chegar até lá, ele<br />

teve que viajar de caminhão por péssimas estradas, empoeiradas ou alagadas, se adaptar às<br />

refeições que ofereciam os nativos, dormir na poltrona da cabine do motorista de um<br />

caminhão fazendo do próprio terno o travesseiro, se resignar com os insetos e conviver com<br />

passageiros que não eram turistas. No interior de Goiás, assim como nas margens do rio<br />

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