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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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econômicas da década de 1930, pretendeu-se que os imigrantes, além de cumprirem com a<br />

sua função – a ocupação dos empregos a eles destinados –, contribuíssem à consolidação e<br />

ao engrandecimento da nação permanecendo no país. Por meio dessa permanência, no<br />

Brasil, por um lado, procurava-se, que os imigrantes, ao constituírem famílias,<br />

aumentassem a população que, logo, além de garantir a mão-de-obra nas cidades e nas<br />

fazendas, poderia colonizar sertões e, por outro, procurava-se que se implicassem nos<br />

planos de eugenia, branqueando a nação.<br />

Sayad assinalou que, quando a presença dos imigrantes se faz constante, deve-se<br />

decidir se a conveniência para a nação receptora consiste na criação de guetos para eles ou<br />

na sua integração. Ele frisou o paradoxo que encerra a retórica com a qual é apresentada<br />

essa segunda opção, já que não é possível incorporar sujeitos não-nacionais, respeitando-se<br />

a sua natureza, na nação, a não ser que se admita, em uma ficção do direito positivo, que a<br />

nação também é constituída por sujeitos pertencentes a nacionalidades estrangeiras, isto é<br />

por sujeitos não-nacionais. No capítulo terceiro, mostramos que as administrações públicas<br />

brasileiras, sobretudo na Era Vargas, escolheram a segunda opção, mas esta, no Brasil, foi<br />

marcada por uma exigência que apagava, na aparência, as suas inerentes contradições.<br />

Enquanto foi permitida a chegada de massas de imigrantes, no discurso dos políticos<br />

e da intelligentsia do Brasil, e na conseqüente legislação, manifestou-se o intuito de que os<br />

imigrantes se integrassem na nação abrasileirando-se, isto é, negando formalmente a sua<br />

condição de indivíduos exógenos à nação. Desde o poder público brasileiro não se admitiu,<br />

portanto, nem a marginalização do trabalhador estrangeiro nem a via da transculturação,<br />

assinalada por Todorov como a, socialmente, mais saudável, por beneficiar a ambas as<br />

partes, já que, segundo cogitou esse autor, ela permitia, sob o controle do Estado, o<br />

intercâmbio cultural entre os elementos endógenos e exógenos da nação, e, logo, o<br />

enriquecimento cultural de todo os indivíduos envolvidos nesse processo.<br />

No Brasil, a relação oficialmente almejada consistiu na aceitação de que o<br />

estrangeiro residisse no país, para se desempenhar profissionalmente nos trabalhos a ele<br />

reservados, sob a condição de que não perturbasse a nação, o qual significava que devia<br />

agir como um ser nacional – um brasileiro –, isto é, que se devia aculturar. Nesse sentido,<br />

esperava-se que os filhos dos imigrantes, como brasileiros natos, estivessem plenamente<br />

inseridos na nação, o qual fez com que, durante o Estado Novo, as autoridades interviessem<br />

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