26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Por essa ocasião, estava em Manaus uma companhia de zarzuelas encabeçada pela atriz Manolita.<br />

Procurando Galvez os seus compatriotas, expôs-lhes a empreitada para o que obteve o assentimento<br />

dos elementos masculinos da companhia, além da cooperação de compatriotas que trabalhavam de<br />

seringueiros. Partindo para a luta com a sua pequena e sui generis tropa, que para despistar o inimigo<br />

fingia de exploradores de borracha, aos 14 de julho de 1899, já em Puerto Alonso, proclamou ele a<br />

independência do Acre, promulgando uma constituição e criando uma bandeira. Dessa forma,<br />

elementos do teatro espanhol, dirigidos por um compatriota ardente e intimorato, deu-nos, á sua<br />

moda em momento oportuno, valiosa ajuda naquela tarefa, contribuição essa que não terminou sem<br />

incidentes que correm ainda hoje narrados por forma controvertida. Uma coisa, entretanto, ficou<br />

esclarecida: não foi Galvez, no caso, um mero aproveitador. Agiu com o consentimento prévio de<br />

nossas autoridades que tinham ciência de que podia ele fazer. Por último, doente e sem recursos,<br />

vivendo pobremente no Recife, solicitou e recebeu pequena ajuda do então governador Ramalho<br />

Junior que o possibilitou se retirar novamente para Madri, e depois para o México, onde veio a<br />

falecer em 1903 (ou 1904) como empresário do Frontão Nacional (Pinto do Carmo, 1959: 89).<br />

Na novela folhetinesca apontada, isto é, Galvez, imperador do Acre, de Márcio<br />

Souza (1984) não se inclui no argumento a presença de uma companhia espanhola de<br />

zarzuelas em Belém, Manaus ou no território do Acre. Intervém, no entanto, na narrativa<br />

uma companhia francesa de óperas – a Companhia Francesa de Óperas e Operetas (Souza,<br />

1984: 36-37) –, formada por belgas, em cujo repertório estava incluída uma zarzuela. Em<br />

um altercado, os membros dessa companhia são detidos e encarcerados pela polícia do<br />

Pará. Quando são liberados, Galvez – o protagonista – decide encenar uma “zarzuella” com<br />

os cinco componentes que saíram vivos da prisão:<br />

Me ofereci para organizar uma zarzuella com os sobreviventes. Afinal, eu me sentia de certo modo<br />

culpado daquela situação. Entrava no mundo do teatro pela porta do remorso, a porta espanhola. Sir<br />

Henry aprovou a idéia e prometeu ajudar. Tinha relações em Manaus, era amigo do proprietário do<br />

sabes, ni los mismos brasileños se fían entre ellos. – ¿Y para qué hacer independiente a Acre? – Entre otras<br />

cosas, para que no sea yanqui. – ¿Quieres organizar un país sólo por revancha hacia los Estados Unidos? –<br />

Bueno, y por más cosas. Es el momento justo. No es una idea descabellada. Y creo que puedo hacerlo. Un<br />

país moderno, a la altura de los nuevos tempos del nuevo siglo XX. Un estado independiente y avanzado, una<br />

república de hombres libres. La fortuna favorece a los audaces” (Domingo, 2003: 59). No romance, detalha-se<br />

a participação de uma companhia espanhola de zarzuelas – companhia “Sánchez-Alonso” – no projeto<br />

independentista do Acre formulado por Gálvez. O autor menciona que essa companhia adaptava as obras do<br />

seu repertório à circunstância brasileira. Assim, em relação à obra La Gran Vía indica: “En Brasil, la<br />

compañía había adaptado la letra de la popular zarzuela a la vida brasileña, cambiando el Madrid castizo por<br />

las calles cariocas. De todas maneras, hubiera dado igual. El público quería oír música y canciones tanto<br />

como ver mujeres. Si además eran guapas, el éxito estaba asegurado. La mujer no sólo era sexo: era galanteo,<br />

formas, bailes, música, palabras bonitas, poemas de amor” (Domingo, 2003: 117-18). Além disso, o produtor,<br />

demonstrando trabalho de documentação para a elaboração da sua narrativa, menciona a presença de centenas<br />

de imigrantes espanhóis atuando na Amazônia como seringueiros, a contratação de pelotaris bascos pelos<br />

empresários dos frontões brasileiros e a atuação no Brasil de toureiros.<br />

570

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!