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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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III. A CONDIÇÃO DO IMIGRANTE<br />

O vocábulo imigrante<br />

O confronto entre as políticas que visaram a aculturação dos estrangeiros no Brasil e<br />

as práticas de inserção social dos imigrantes galegos impõe que, previamente, se expliquem<br />

os sentidos das conceituações relativas aos vocábulos estrangeiro e imigrante. Decidimos<br />

recorrer a autores que refletiram, especificamente, sobre as significações da alteridade.<br />

Assim, centramo-nos nas obras A imigração ou os paradoxos da alteridade, de Abdelmalek<br />

Sayad (1998), Estrangeiros para nós mesmos, de Julia Kristeva (1994), e O homem<br />

desenraizado, de Tzvetan Todorov (1999). Os três autores são estrangeiros, não-imigrantes,<br />

residentes na França 56 .<br />

Das considerações expostas nessas obras partem os referentes com os quais aqui se<br />

cotejaram as representações atribuídas à palavra estrangeiro e à palavra imigrante na<br />

documentação brasileira em que se expunham as políticas destinadas à aculturação e à<br />

assimilação, no meio nacional, dos indivíduos assim qualificados.<br />

A seguir apresentam-se, pois, as significações observadas dessas duas palavras;<br />

essas significações acompanham-se, a modo de exemplos, de descrições e imagens em que<br />

se pode notar como se plasmaram essas duas palavras em uma produção literária cujo<br />

argumento envolvia a emigração/ imigração e a visão do estrangeiro.<br />

III. 1. Os paradoxos da alteridade segundo Abdelmalek Sayad<br />

Para decifrar a condição do sujeito imigrante foi adotado, como um dos marcos<br />

referenciais teóricos, a obra indicada de Sayad porque nela, com base nos testemunhos dos<br />

imigrantes argelinos na França e de uma ótica bourdieuana, por um lado, exuma-se a<br />

diacronia do uso das denotações do vocábulo imigrante até a sua conversão em uma<br />

categoria epistemológica e, por outro, examinam-se as condições de funcionamento e<br />

perpetuação do fenômeno migratório 57 .<br />

56 Abdelmalek Sayad faleceu o 13 de março de 1998.<br />

57 Abdelmalek Sayad desenvolveu o seu projeto de socioanálise entrevistando, entre as décadas de 1960 e<br />

1980, imigrantes argelinos na França dispostos a revelar-se a si mesmos. Ele queria saber o que os imigrantes<br />

criam que constituía a verdade da sua situação. Os imigrantes podiam desenvolver discursos sobre a sua<br />

própria experiência que os acabaram levando a produzir uma teoria total do fenomênico migratório. Como<br />

conclusão dessa experiência, Sayad (1998: 233) considerou o seguinte: “assim como a psicanálise, mas uma<br />

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