26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O autor assevera que essa garota – Lurdes Monteiro – merecera ser a sucessora,<br />

como Miss Brasil, da catarinense Maria José Cardoso [“gaúxa Zezé Cardoso”], quem era<br />

Miss do Rio Grande do Sul e Miss Brasil em 1956. Assim, ele qualifica de injusta a eleição,<br />

no ano seguinte, de Eloísa Oliveira de Menezes [“Eloísa de Meneses”] como Miss Distrito<br />

Federal [“Señoriña Rio”], quem, contudo, não chegaria a ser a nova Miss Brasil, pois o<br />

concurso o ganhou em 1957 a amazonense Terezinha Morango: “Un xurado, sin xeito,<br />

nona quixo pra ‘Señoriña Rio’./ Mollaron os panos, côas bágoas, seus ‘fans’./ E foi<br />

premiada Eloísa de Meneses,/ por algún Abelardo escondido,/ que morría por ela de amor,<br />

afrixido,/ e que nona podía amar.” (García, 1977: 120). Essas referências orientam-nos<br />

claramente a acreditar que o autor deveu estar no Rio em junho de 1957 636 e que nunca<br />

mais lá regressou. Supostamente, passados os anos, se pergunta:<br />

A Lurdes Monteiro, téño-a nos ollos, coma unha gravura,/ dun prado, semeado de frores, moi<br />

sentimental,/ de que non quixera percibir a doentísima tristura,/ de velo murcharse, con soles<br />

saudosos do outono/ da vida, eiquí ou alá.// Moza primorosa, rosa coorida, deitada na noite de Río,/<br />

de azúes veludos, na que a conocín,/ ¿qué foi, qué é, ou qué será dela, no longo vieiro,// ou curto, que<br />

vai, nista vida, da morte aos confíns? (García, 1977: 120).<br />

“Lurdes” é também mencionada no poema O figurinista Pierre Balmain, ao se<br />

referir o poeta a uma reação da moça durante uma palestra desse estilista francês. Supomos<br />

que essa palestra foi uma que o modesto proferiu no Rio, na sede da Associação Brasileira<br />

de Imprensa, em 1957:<br />

Miña amiga Lurdes,/ díxome baixiño,/ que lle semellaba,/ Pierre Balmaín,/ non un arquiteito,/ mais<br />

un mestre de obras,/ rural e sin nome,/ para quen pide o corpo/ traxe de canteiro;/ e que, ás súas<br />

mans,/ non lles vía xeito,/ para tomarlle as medas/ a Marlén Dietrich.// ¡Qué cousas, irmáns,/ a vida<br />

eche eisí! (García, 1977: 127).<br />

Nesse poema, o autor verseja o seu encontro, na rua, com o “figurinista” e mostra a<br />

sua apreciação da exposição que Balmain fizera acerca das características da sua alta<br />

costura. Sobre a assistência à palestra assinala: “Homes non se vían;/ sí, moitas mulleres,/<br />

feitas e dereitas./ Tampouco vín mozas./ Cicáis sua coleición/ ‘Jolie madame de Paris’/<br />

gostaba moi pouco/ as nenas cariocas./ O mundo eche eisí.” (García, 1977: 125).<br />

Uma outra moça anônima do Rio de Janeiro – a “garotiña do ‘show’ de Carlos<br />

Machado” – é motivo de um poema de García Rodríguez, mas, desta vez, não se trata da<br />

636 Os concursos de Miss Brasil de 1956 e 1957 tiveram lugar nos meses de junho, celebrando-se no Hotel<br />

Quitandinha, de Petrópolis.<br />

866

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!