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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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do ouro que enriquecera a cidade, Belém entrara no estancamento econômico, do qual<br />

ainda não se recuperara e que se manifestava na precariedade dos serviços públicos<br />

prestados, excetuando o ensino. Dirigindo-se explicitamente aos turistas que possam ser os<br />

seus leitores, recomenda a visita ao Museu Comercial, de madeiras preciosas e “mil<br />

raridades mais”, à sede da Comissão de Limites, com fundos de etnografia, fotografia e<br />

cartografia, e ao Museu/ zoológico Goeldi, de fauna e flora equatoriais. Na narração da sua<br />

visita ao Goeldi, informa que sentiu como ele reagiu ao contemplar alguns dos animais do<br />

zoológico; dentre eles, salienta a pomba galega (Columba cayennensis), da qual diz “me fez<br />

lembrar meus gratos horizontes de Espozende” (Las Casas, 1939: 53). Encerra a crônica,<br />

fazendo um comentário que extrapola a mera relação do seu passeio pelo Goeldi.<br />

Contrastando as aves engaioladas com as livres, expõe o seguinte:<br />

Entre as jaulas crescem árvores esquisitas, dessas que só os poetas vêem nas noites de boêmia,<br />

árvores de troncos cinzentos como a pele das cobras, de galhos nervudos como braços de titães e de<br />

folhas esmaltadas como leques japoneses. Alguns passarinhos livres cantam aqui e ali, em pios<br />

aflitos que me comovem. Não sei se estão enfeitados por tantos bichos misteriosos, ou se têm pena<br />

de não ter encontrado lugar na jaula alucinante das garças. Que bem estariam – coitados! – entre as<br />

garças ducais, estes pobres passarinhos abandonados que choram inconsoláveis o fracasso da sua<br />

liberdade! (Las Casas, 1939: 54).<br />

De Belém, outrossim salienta a Biblioteca Pública, “onde se reúnem os intelectuais<br />

mais estimáveis da cidade”, cujos nomes menciona, e traça um cronograma sobre os<br />

hábitos dos paraenses ao longo de um dia útil. Assim, indica que a vida na cidade começa<br />

muito de manhã, “ao romper da aurora” na margem do rio, onde “duzentas embarcações de<br />

vela” desembarcam as suas mercadorias. Continua no mercado do “Veropeso”, do qual<br />

descreve o seu variado tráfego e, “entre as nove e as onze da manhã”, desloca-se para a rua<br />

João Alfredo, “onde se alinham as principais casas de comércio e bancos, e as confeitarias e<br />

cafés elegantes” (Las Casas, 1939: 58). Essa rua, pelo ambiente social simpático, lembra a<br />

Las Casas a “calle de las Sierpes”, pois “Todos se cumprimentam, se abraçam, se<br />

convidam, se prodigam conversas. Elas são de extraordinária beleza e eles de nobre<br />

elegância, e assim a rua dá um motivo de vida social, à qual não deve faltar nenhuma<br />

pessoa de linha” (Las Casas, 1939: 58). Das onze às cinco da tarde diz o autor que, devido<br />

ao calor, as ruas ficam desertas, recolhendo-se os cidadãos nos seus escritórios ou nos seus<br />

domicílios. Logo, durante meia hora, chove torrencialmente (“E assim acontece todos os<br />

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