14.04.2018 Views

Direito Constitucional 32ª Ed. (2016) - Alexandre de Moraes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

concretização mais ampla possível <strong>de</strong> seus valores e <strong>de</strong> seus princípios, porém,<br />

em caso <strong>de</strong> inércia dos po<strong>de</strong>res políticos, <strong>de</strong>vemos autorizar a atuação subjetiva<br />

do Po<strong>de</strong>r Judiciário (Luis Roberto Barroso), mesmo que isso transforme o<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral em um superlegislador, pois imune <strong>de</strong> qualquer<br />

controle, que não seja a própria autocontenção (judicial restraint), ou, <strong>de</strong>vemos<br />

restringi-lo, para que não se configure flagrante <strong>de</strong>srespeito aos limites<br />

normativos substanciais da função jurisdicional, usurpando, inclusive, função<br />

legiferante (Elival da Silva Ramos)?<br />

A história do ativismo judicial norte-americano mostra, em face <strong>de</strong> seu alto<br />

grau <strong>de</strong> subjetivismo, momentos diversos na <strong>de</strong>fesa dos <strong>Direito</strong>s Fundamentais.<br />

Há, claramente, <strong>de</strong>cisões ativistas alinhadas com o pensamento progressista,<br />

enquanto outras, com o mais radical conservadorismo.<br />

Aponta-se, como a primeira <strong>de</strong>cisão consi<strong>de</strong>rada como ativista, embora<br />

inexistisse a terminologia à época, o caso Dred Scott, <strong>de</strong> 1857, quando julgando<br />

uma lei que libertava automaticamente os escravos que ingressassem num<br />

território on<strong>de</strong> a escravidão tivesse sido anteriormente abolida, a Suprema<br />

Corte <strong>de</strong>clarou-a inconstitucional, por ferir o direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, protegido<br />

pela cláusula do due process of law. Igualmente, a mesma cláusula do <strong>de</strong>vido<br />

processo legal foi invocada na <strong>de</strong>cisão Lochner v. New York, <strong>de</strong> 1905, permitindo<br />

que a Corte invalidasse direito social consagrado pela legislação, que passará a<br />

limitar a jornada <strong>de</strong> trabalho dos pa<strong>de</strong>iros a <strong>de</strong>z horas diárias; o argumento foi<br />

<strong>de</strong> que a lei privava os cidadãos <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> contratar.<br />

Por outro lado, o ativismo judicial foi <strong>de</strong> imperiosa importância na questão<br />

racial norte-americana durante a Corte Warren, especialmente a partir da<br />

<strong>de</strong>cisão Brown v. Board of <strong>Ed</strong>ucation, <strong>de</strong> 1954, em que a Corte Suprema,<br />

<strong>de</strong>rrubando seu próprio prece<strong>de</strong>nte (Plessy v. Ferguson, <strong>de</strong> 1896), <strong>de</strong>cidiu ser<br />

inconstitucional lei que adotava a doutrina “iguais, mas separados”, permitindo<br />

instalações públicas separadas para negros e brancos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que – teoricamente<br />

– fossem <strong>de</strong> igual qualida<strong>de</strong>; e, com essa postura ativa <strong>de</strong>u início ao fim da<br />

segregação racial nos Estados Unidos da América.<br />

Outros <strong>Direito</strong>s Fundamentais foram consagrados e efetivados com a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior amplitu<strong>de</strong> interpretativa por parte do Judiciário, como<br />

se vê em clássicas <strong>de</strong>cisões ativistas da Suprema Corte Americana, tais como o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!