14.04.2018 Views

Direito Constitucional 32ª Ed. (2016) - Alexandre de Moraes

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

impostergável direito <strong>de</strong> não ser <strong>de</strong>nunciado, <strong>de</strong> não ser julgado e <strong>de</strong> não ser<br />

con<strong>de</strong>nado com apoio em elementos instrutórios obtidos ou produzidos <strong>de</strong><br />

forma incompatível com os limites impostos, pelo or<strong>de</strong>namento jurídico,<br />

ao po<strong>de</strong>r persecutório e ao po<strong>de</strong>r investigatório do Estado. A absoluta<br />

invalida<strong>de</strong> da prova ilícita infirma-lhe, <strong>de</strong> modo radical, a eficácia<br />

<strong>de</strong>monstrativa dos fatos e eventos cuja realida<strong>de</strong> material ela preten<strong>de</strong><br />

evi<strong>de</strong>nciar. Trata-se <strong>de</strong> consequência que <strong>de</strong>riva, necessariamente, da<br />

garantia constitucional que tutela a situação jurídica dos acusados em juízo<br />

penal e que exclui, <strong>de</strong> modo peremptório, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso, em se<strong>de</strong><br />

processual, da prova – <strong>de</strong> qualquer prova – cuja ilicitu<strong>de</strong> venha a ser<br />

reconhecida pelo Po<strong>de</strong>r Judiciário. A prova ilícita é prova inidônea. Mais<br />

do que isso, prova ilícita é prova imprestável. Não se reveste, por essa<br />

explícita razão, <strong>de</strong> qualquer aptidão jurídico-material. Prova ilícita, sendo<br />

providência instrutória eivada <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong>, apresenta-se<br />

<strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> qualquer grau, por mínimo que seja, <strong>de</strong> eficácia jurídica. Tenho<br />

tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfatizar, neste Tribunal, que a Exclusionary Rule,<br />

consi<strong>de</strong>rada essencial pela jurisprudência da Suprema Corte dos Estados<br />

Unidos da América na <strong>de</strong>finição dos limites da ativida<strong>de</strong> probatória<br />

<strong>de</strong>senvolvida pelo Estado, <strong>de</strong>stina-se, na abrangência <strong>de</strong> seu conteúdo, e<br />

pelo banimento processual <strong>de</strong> evidência ilicitamente coligidas, a proteger os<br />

réus criminais contra a ilegítima produção ou a ilegal colheita <strong>de</strong> prova<br />

incriminadora (Garrity v. New Jersey, 385 U.S. 493, 1967; Mapp v. Ohio,<br />

367 U.S. 643, 1961; Wong Sun v. United States, 371 U.S. 471, 1962, v.g.)”.<br />

Saliente-se, porém, que a doutrina constitucional passou a atenuar a vedação<br />

das provas ilícitas, visando corrigir distorções a que a rigi<strong>de</strong>z da exclusão<br />

po<strong>de</strong>ria levar em casos <strong>de</strong> excepcional gravida<strong>de</strong>. Esta atenuação prevê, com<br />

base no Princípio da Proporcionalida<strong>de</strong>, hipóteses em que as provas ilícitas, em<br />

caráter excepcional e em casos extremamente graves, po<strong>de</strong>rão ser utilizadas,<br />

pois nenhuma liberda<strong>de</strong> pública é absoluta, havendo possibilida<strong>de</strong>, em casos<br />

<strong>de</strong>licados, em que se percebe que o direito tutelado é mais importante que o<br />

direito à intimida<strong>de</strong>, segredo, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação, por exemplo, <strong>de</strong><br />

permitir-se sua utilização.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!