07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A crítica que se faz à sistemática é bem simples: dá​-se ao verbo “po<strong>de</strong>ria”, na verda<strong>de</strong>, um<br />

“po<strong>de</strong>r que não po<strong>de</strong> mais”, segundo Eurico <strong>de</strong> Santi21. Em outras palavras, o STJ, ao consi<strong>de</strong>rar o<br />

dies a quo como o dia em que se <strong>de</strong>u a perda do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> lançar, <strong>de</strong>sloca para o infinito a ocorrência<br />

da <strong>de</strong>cadência. Como é cediço, “o direito não compa<strong>de</strong>ce do infinito. É o po<strong>de</strong>r gerando po<strong>de</strong>r em<br />

insana circularida<strong>de</strong>”22.<br />

Aliás, conforme aduz Leandro Paulsen23, “a regra do § 4º é especial relativamente à do art. 173,<br />

I, <strong>de</strong>ste mesmo Código. E, em havendo regra especial, prefere à regra geral. Não há que se falar em<br />

aplicação cumu-lativa <strong>de</strong> ambos os artigos (...)”. Evi<strong>de</strong>ncia, com a técnica, que o prazo seria, sempre<br />

e <strong>de</strong> modo automático, renovado, à semelhança <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro looping.<br />

Alberto Xavier24 trata do tema com agu<strong>de</strong>za <strong>de</strong> espírito:<br />

“A ilogicida<strong>de</strong> da tese jurispru<strong>de</strong>ncial no sentido da aplicação concorrente dos artigos 150, § 4º e 173 resulta ainda<br />

evi<strong>de</strong>nte da circunstância <strong>de</strong> o § 4º do art. 150 <strong>de</strong>terminar que se consi<strong>de</strong>ra ‘<strong>de</strong>finitivamente extinto o crédito’ no término<br />

do prazo <strong>de</strong> cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Qual seria pois o sentido <strong>de</strong> acrescer a este prazo um<br />

novo prazo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência do direito <strong>de</strong> lançar quando o lançamento já não po<strong>de</strong>rá ser efetuado em razão <strong>de</strong> já se<br />

encontrar ‘<strong>de</strong>finitivamente extinto o crédito’? Verificada a morte do crédito no final do primeiro quinquênio, só por milagre<br />

po<strong>de</strong>ria ocorrer sua ressurreição no segundo”.<br />

A<strong>de</strong>mais, a solução é mesquinha e lamentável do ponto <strong>de</strong> vista dos direitos do cidadão<br />

porquanto mais que duplica o prazo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> cinco anos. Perguntar​-se​-á: qual a lógica em<br />

somar, ao primeiro lustro, um novo prazo quinquenal <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência, quando o lançamento já não<br />

po<strong>de</strong> ser efetuado, haja vista já se encontrar <strong>de</strong>finitivamente extinto o crédito?<br />

A doutrina unânime, portanto, tem <strong>de</strong>stoado <strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong> ver, dando à forma verbal “po<strong>de</strong>ria”<br />

uma interpretação mais restrita (“já po<strong>de</strong>ria”).<br />

Observe o esquema gráfico:<br />

Art. 173, I, CTN<br />

CTN<br />

5 anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em<br />

que o lançamento PODERIA ter sido efetuado.<br />

INTERPRETAÇÃO PARA A DOUTRINA<br />

5 anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em<br />

que o lançamento (JÁ) PODERIA ter sido efetuado.<br />

Verifique que tal interpretação, esposada pela doutrina, obriga a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que o<br />

lançamento <strong>de</strong>ve ocorrer JÁ no ano do fato gerador.<br />

De fato, na esteira da melhor doutrina, há forte vocação jurispru<strong>de</strong>ncial para o abandono da tese

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!