07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ad argumentandum, <strong>de</strong>staque​-se que a socieda<strong>de</strong> em conta <strong>de</strong> participação não é “pessoa<br />

jurídica”, nem mantém relações jurídicas com terceiros, o que faz com que não possua capacida<strong>de</strong><br />

tributária passiva. Para fins <strong>de</strong> responsabilização do tributo, atingir​-se​-ão os sócios que são credores<br />

e <strong>de</strong>vedores <strong>de</strong> terceiros.<br />

Por <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro, é importante frisar que as situações <strong>de</strong>scritas no art. 126 servem tanto para<br />

“<strong>de</strong>veres” como para “direitos” dos contribuin​tes. Com efeito, o STJ enten<strong>de</strong>u que uma entida<strong>de</strong>,<br />

conquanto não formalmente constituída como pessoa jurídica, tem direito garantido <strong>de</strong> ingressar com<br />

o REFIS (REsp 413.865/PR, 1ª T., rel. Min. Luiz Fux, j. 26​-11​-2002).<br />

De fato, tratar universalmente tais contribuintes significa evitar a burla à tributação, uma vez que<br />

inúmeros proprietários <strong>de</strong> bens imóveis po<strong>de</strong>riam colocar seus bens em nome dos filhos menores, ou,<br />

ainda, incontáveis comerciantes <strong>de</strong>ixariam <strong>de</strong> estar <strong>de</strong>vidamente cadastrados perante o Fisco.<br />

A lógica da equiparação está na racionalida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve vir a reboque do princípio da isonomia –<br />

e também no viés da capacida<strong>de</strong> contributiva –, evitando que, no caso, oferte​-se um tratamento mais<br />

benévolo a autores, por exemplo, <strong>de</strong> ilícitos, em <strong>de</strong>trimento daqueles que se põem, diante do<br />

fenômeno da tributação, sob as vestes da legalida<strong>de</strong>, haurindo legitimamente os seus rendimentos,<br />

provindos <strong>de</strong> lícitas fontes.<br />

2.1.3 A interpretação econômica<br />

A matéria versada no art. 118 do CTN afina​-se com a chamada “interpretação econômica ou<br />

funcional”. A interpretação econômica do fato gerador traduz​-se em expressão que comporta mais<br />

<strong>de</strong> um sentido, didaticamente <strong>de</strong>monstrados em duas possíveis “versões”: a versão “original”, em<br />

que <strong>de</strong>sponta sentido peculiar, próprio <strong>de</strong> estudo alheio ao presente capítulo, e a versão “atenuada”,<br />

peculiar ao art. 118 do CTN, sendo <strong>de</strong> real importância neste momento do estudo. Observe​-as:<br />

(I) Na versão original: mostra​-se como a técnica hermenêutica que objetiva superar a legalida<strong>de</strong><br />

e a liturgia das formas para atingir supostos objetivos imputados ao contribuinte. Nesse passo, a<br />

autorida<strong>de</strong> fiscal estará autorizada a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar os negócios jurídicos celebrados pelo particular,<br />

para escolher aquele que implique tributação mais elevada, permitindo​-se tributar por analogia ou<br />

criar óbices, quiçá, à elisão tributária.<br />

Aqui, como é cediço, sobejam os palpites fiscais, que procuram posicionar​-se, <strong>de</strong> modo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!