07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ISS, precisamente no caso dos serviços realizados por agências franqueadas dos Correios 107. Em 23<br />

<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2014, a 2ª Turma do STJ, no RMS 46.170/MS (rel. Min. Humberto Martins),<br />

enten<strong>de</strong>u que a instituição assistencial/educacional sem fins lucrativos, franqueada da ECT –<br />

Empresa Brasileira <strong>de</strong> Correios e Telégrafos, não <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sfrutar da imunida<strong>de</strong> tributária quanto ao<br />

ICMS, uma vez que “a ativida<strong>de</strong> econômica franqueada dos Correios foge dos fins institucionais<br />

da entida<strong>de</strong>, ou seja, o serviço prestado não possui relação com seus trabalhos na área <strong>de</strong><br />

assistência social, ainda que o resultado das vendas seja revertido em prol das suas ativida<strong>de</strong>s<br />

essenciais”. Frise-se que tal entendimento dado às franquias não afeta o que já se estabeleceu, no<br />

STF, no âmbito das imunida<strong>de</strong>s tributárias (IPTU, IPVA e o próprio ICMS), para a ECT – Empresa<br />

Brasileira <strong>de</strong> Correios e Telégrafos.<br />

A propósito, é bom relembrar que o serviço postal e o correio aéreo​ são ativida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>radas<br />

imunes a impostos, no entendimento do STF, uma vez que a ECT é uma empresa pública que<br />

<strong>de</strong>sempenha serviços dotados <strong>de</strong> estatalida<strong>de</strong> e, portanto, merecedores da imunida<strong>de</strong> recíproca (art.<br />

150, § 2º, CF).<br />

2.6.8 O ISS e o “factoring”<br />

Factoring (ou faturização) é o negócio jurídico, bastante semelhante​ ao <strong>de</strong>sconto bancário, em<br />

que se negocia, por meio <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento​ mercantil, <strong>de</strong>terminado crédito com ulterior<br />

cobrança <strong>de</strong> juros, à margem das exigências burocráticas e negociais das instituições financeiras.<br />

A sistemática sempre foi bem aceita por empresas, sobretudo aquelas que necessitavam <strong>de</strong> capital<br />

<strong>de</strong> giro, colocando​-se à disposição do cessionário (faturizador ou factor) seus créditos<br />

(“recebíveis”) contra terceiros. Nota​-se em tal contrato a presença <strong>de</strong> variadas figuras jurídicas –<br />

financiamento, cobrança, cessão <strong>de</strong> créditos –, o que o torna atípico e complexo108.<br />

O STJ109 não vê o factoring como ativida<strong>de</strong> própria do sistema financeiro nacional, o que lhe é<br />

obstativo da aplicação dos juros permitidos pelas instituições financeiras. Com efeito, não se po<strong>de</strong><br />

confundir o factoring com as operações tipicamente bancárias, privativas das instituições<br />

financeiras, cuja prática – adstrita à intermediação financeira <strong>de</strong> recursos, com enfoque na aquisição<br />

<strong>de</strong> direitos creditórios – <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> autorização governamental, tais como o empréstimo e o<br />

<strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> títulos (art. 17, da Lei n. 4.595/64). Nesse passo, o STJ nega a incidência <strong>de</strong> ISS sobre

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!