07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong> arrecadá​-las em benefício próprio. Para Ricardo Lobo Torres 16, “é a arrecadação do Parafisco,<br />

isto é, dos órgãos paraestatais incumbidos <strong>de</strong> prestar serviços paralelos aos da Administração,<br />

através <strong>de</strong> orçamento especial, que convive com o orçamento fiscal (art. 165, § 5º, CF)”. Com efeito,<br />

“as exações parafiscais são contribuições cobradas por autarquias, órgãos paraestatais <strong>de</strong> controle<br />

da economia, profissionais ou sociais, para custear seu financiamento autônomo” 17.<br />

Na lição <strong>de</strong> Ruy Barbosa Nogueira 18, “as funções <strong>de</strong>sses órgãos são funções estatais<br />

<strong>de</strong>scentralizadas ou <strong>de</strong> interesse público, e essas arrecadações são as chamadas ‘finanças paralelas’<br />

porque via <strong>de</strong> regra não são recolhidas ao tesouro público, não entram para o orçamento do Estado”.<br />

Frise​-se que a parafiscalida<strong>de</strong> tem uma lógica histórica associada à <strong>de</strong>scentralização<br />

administrativa que se verificou no mundo, especialmente a partir dos anos 30 e intensamente após a<br />

2ª Guerra Mundial. A terminologia contribuições parafiscais surge exatamente em razão <strong>de</strong> serem<br />

instituídas quando motivadas por intervenções no domínio econômico, bem como no interesse das<br />

categorias profissionais, e até mesmo no plano da segurida<strong>de</strong> social 19.<br />

A esse propósito, José Marcos Domingues <strong>de</strong> Oliveira 20 ressalta que “a criação <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />

‘paraestatais’, com ‘personalida<strong>de</strong> jurídica própria’, gravitando embora em torno do Estado<br />

(Administração Indireta), e ​assumindo funções das quais a Administração Direta não dava conta, fez<br />

surgir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas receitas ‘paralelas’ ao orçamento fiscal (daí ‘parafiscais’) que<br />

financiassem (com a ‘finalida<strong>de</strong>’ <strong>de</strong> financiar) as correspectivas <strong>de</strong>spesas, assim, <strong>de</strong>scentralizadas”.<br />

Gilberto <strong>de</strong> Ulhôa Canto 21 nos relata que “no Brasil (...) quase todos os autores que versaram o<br />

tema antes da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, concluíram que, sob a estrutura constitucional tributária<br />

brasileira, as contribuições parafiscais sociais, corporativas e econômicas participavam da natureza<br />

<strong>de</strong> tributos com <strong>de</strong>stinação específica do produto da respectiva arrecadação”.<br />

A bem da verda<strong>de</strong>, as contribuições <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong> inúmeros qualificativos na doutrina: uns a<br />

chamam <strong>de</strong> “parafiscais”; outros, “especiais”. Há, também, quem as <strong>de</strong>nomine “sociais”. Urge<br />

mencionar que o nome que se atribui ao instituto, por maior que seja o rigor terminológico adotado,<br />

não <strong>de</strong>sfruta <strong>de</strong> tanta relevância quanto se imagina. Parafraseando Geraldo Ataliba, “os institutos<br />

jurídicos são aquilo que sua essência jurídica revela” 22. “Na verda<strong>de</strong>, entretanto, a correta<br />

classificação da figura <strong>de</strong> que se cuida <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do trato que lhe é dado pelo <strong>Direito</strong> Positivo” 23.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!