07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

a lei ordinária se mostra como uma manifestação legislativa <strong>de</strong>masiado corriqueira, veiculando,<br />

genuinamente, o princípio da legalida<strong>de</strong> em matéria tributária (art. 150, I, da CF e art. 97 do CTN),<br />

ou, nas judiciosas palavras <strong>de</strong> Pontes <strong>de</strong> Miranda10, o postulado da legalitarieda<strong>de</strong>.<br />

Vale dizer que as leis ordinárias po<strong>de</strong>m ser fe<strong>de</strong>rais, estaduais ou municipais, não havendo<br />

hierarquia entre elas, e cada uma, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua esfera, versa sobre matéria <strong>de</strong>terminada pela<br />

Constituição11. Mesmo porque, “sendo o Brasil uma República Fe<strong>de</strong>rativa, o que pressupõe a<br />

autonomia dos Estados, e vigendo entre nós o princípio da autonomia dos Municípios, não há que se<br />

cogitar <strong>de</strong> supremacia da lei ordinária fe<strong>de</strong>ral em relação à estadual e à municipal”12.<br />

Enquanto a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>fine competências tributárias e a lei complementar<br />

“complementa” o texto constitucional, a lei ordinária institui tributos. Em regra, sabe​-se que a lei<br />

apta a gerar o tributo é a lei ordinária, nada impedindo, todavia, em caráter excepcional, que ocorra<br />

a instituição <strong>de</strong> tributos por lei complementar, conforme se recordará no tópico 2.1.10 <strong>de</strong>ste capítulo.<br />

Segundo Luciano Amaro, “a Constituição não cria tributos; <strong>de</strong>fine competências. A lei<br />

complementar também, em regra, não cria tributos; ela complementa a Constituição; em alguns casos,<br />

vimos que ela se presta à criação <strong>de</strong> tributos, afastando a atuação da lei ordinária. A regra, portanto,<br />

é a lei ordinária exercer a tarefa <strong>de</strong> criar, in abstracto, o tributo, que, in concreto, nascerá com a<br />

ocorrência do fato gerador nela previsto”13.<br />

O art. 97 do CTN regula a estrita legalida<strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>nciando que há regramento que tangencia a<br />

cerrada tipologia tributária. Trata​-se do fenômeno atinente à intitulada tipicida<strong>de</strong> fechada (ou<br />

regrada), que nos remete à fisiologia do princípio da estrita legalida<strong>de</strong>.<br />

Impen<strong>de</strong> mencionar que o intitulado princípio da tipicida<strong>de</strong> não é autônomo perante o princípio<br />

da legalida<strong>de</strong> tributária, mas “um corolário do princípio da legalida<strong>de</strong>”14, segundo Ricardo Lobo<br />

Torres. Na trilha <strong>de</strong> Alberto Xavier15, “é a expressão mesma <strong>de</strong>sse princípio, quando se manifesta<br />

na forma <strong>de</strong> uma reserva absoluta <strong>de</strong> lei”, nos contornos da segurança jurídica.<br />

A tipologia da lei tributária, sendo fechada e exauriente, remete o intérprete à noção <strong>de</strong> tipo ou <strong>de</strong><br />

tipificação, em um elevado grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação conceitual e fixação <strong>de</strong> conteúdo16, obrigando o<br />

aplicador da regra a submeter as matérias ali discriminadas à moldura legal, sob pena <strong>de</strong> violação da<br />

estrita legalida<strong>de</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!