07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

versus contribuinte <strong>de</strong> fato”.<br />

Como é sabido, o entendimento <strong>de</strong> Bilac Pinto mudou a jurisprudência do STF, que começou,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, a adotar tal postura, ou seja, admitir a incidência dos impostos indiretos nas compras <strong>de</strong><br />

bens por entida<strong>de</strong>s políticas imunes. Em outras palavras, corroborou a interpretação <strong>de</strong> cunho formal,<br />

plasmada na análise da repercussão tributária em uma perspectiva estritamente jurídica, e não<br />

econômica.<br />

Em síntese, seguindo a linha <strong>de</strong> entendimento do STF, po<strong>de</strong>mos assegurar: (I) não inci<strong>de</strong> o ICMS<br />

nas operações <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong> mercadorias fabricadas pelos templos (objetos sacros), com a condição<br />

<strong>de</strong> que o lucro obtido seja vertido na consecução da finalida<strong>de</strong> precípua da entida<strong>de</strong> religiosa; (II)<br />

inci<strong>de</strong> o ICMS nas operações <strong>de</strong> compras <strong>de</strong> mercadorias, uma vez que na compra não se está<br />

pagando o tributo, mas o preço do bem.<br />

6.2 A imunida<strong>de</strong> religiosa e os cemitérios<br />

Em tempos recentes, houve relevante discussão no STF, acerca da imunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> IPTU,<br />

relativamente à proprieda<strong>de</strong> particular <strong>de</strong> um terreno no qual se localizava um cemitério privado<br />

(Cemitério Santo André S/C Ltda.), na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santo André, em São Paulo.<br />

A proprietária do terreno interpôs o recurso extraordinário (RE n. 544.815), contestando a<br />

<strong>de</strong>cisão do extinto Tribunal <strong>de</strong> Alçada Civil do Estado <strong>de</strong> São Paulo, que <strong>de</strong>cidiu pela incidência do<br />

Imposto sobre Proprieda<strong>de</strong> Predial e Territorial Urbana (IPTU) sobre o bem imóvel.<br />

A recorrente, em resumo, alegou que o cemitério é imune à tributação, em razão do disposto no<br />

art. 150, VI, “b”, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, que dispõe sobre imunida<strong>de</strong> tributária aos templos <strong>de</strong><br />

qualquer culto. Alegou que o terreno privado, no qual se localiza um cemitério, igualmente privado,<br />

<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como “templo <strong>de</strong> qualquer culto”, para fins <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> tributária, porquanto,<br />

em virtu<strong>de</strong> do passamento <strong>de</strong> pessoas queridas, são realizadas homenagens e ritos diante dos seus<br />

túmulos, o que dá ao ato a forma <strong>de</strong> “culto”, previsto na norma constitucional.<br />

É importante frisar, à guisa <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> histórica, que o art. 72,§ 5º, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> 1891 apontava para o caráter secular dos cemitérios, <strong>de</strong>ixando-os livres a todos os cultos<br />

religiosos (Art. 72, § 5º: “Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela autorida<strong>de</strong><br />

municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos a prática dos respectivos ritos em relação aos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!