07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Po<strong>de</strong>r Judiciário ou se res​trin​gir ao juízo político do Presi<strong>de</strong>nte da República. Estaria tal com​pe-tên​cia<br />

adstrita à discricionarieda<strong>de</strong> do Presi<strong>de</strong>nte da República, ou o Po<strong>de</strong>r Judiciário po<strong>de</strong>ria<br />

fiscalizar a presença dos indigitados pressupostos?<br />

Nos respeitáveis dizeres <strong>de</strong> Celso Antonio Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Mello39, “se relevância e urgência<br />

fossem noções só aferíveis concretamente pelo Presi<strong>de</strong>nte da República, em juízo discricionário<br />

incontrastável, o <strong>de</strong>lineamento e a extensão da competência para produzir tais medidas não<br />

<strong>de</strong>correriam da Constituição, mas da vonta<strong>de</strong> do Presi<strong>de</strong>nte, pois teriam o âmbito que o Chefe do<br />

Executivo lhes quisesse dar. Assim, em vez <strong>de</strong> estar limitado por um círculo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res estabelecido<br />

pelo <strong>Direito</strong>, ele é quem <strong>de</strong>cidiria sua própria esfera competencial na matéria, i<strong>de</strong>ia antinômica a<br />

tudo que resulta do Estado <strong>de</strong> <strong>Direito</strong>”.<br />

E, ainda, em outra elogiável obra <strong>de</strong> sua autoria, Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Mello40, ao se referir aos<br />

comentados pressupostos <strong>de</strong> relevância e urgência, assevera:<br />

“(...) Segue​-se que têm <strong>de</strong> ser judicialmente controlados, sob pena <strong>de</strong> ignorar​-se o balizamento constitucional da<br />

competência para editar medidas provisórias. (...) Logo, o Judiciário (...) fulminará as medidas provisórias, por<br />

extravasamento dos pressupostos que a autorizam, nos casos <strong>de</strong> ‘certeza negativa` e reconhecer​-lhes​-á condições <strong>de</strong><br />

válida irrupção nos <strong>de</strong>mais”.<br />

A par disso, pon<strong>de</strong>ra Alexandre Mariotti41:<br />

“Nada justifica, entretanto, que se caracterize como puramente político – isto é, insuscetível <strong>de</strong> controle jurisdicional – o<br />

juízo <strong>de</strong> existência dos pressupostos constitucionais autorizadores da edição das medidas provisórias. (...) E ainda que<br />

esses pressupostos tenham sido expressos, através <strong>de</strong> termos <strong>de</strong> significado vago e impreciso, é função in<strong>de</strong>legável<br />

do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral – encarregado precipuamente da guarda da Constituição (art. 102) – dar a palavra final<br />

sobre a sua interpretação”.<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> há muito, pacificou a questão, firmando orientação no sentido <strong>de</strong><br />

que a aferição dos pressupostos <strong>de</strong> relevância e urgência reveste​-se <strong>de</strong> caráter político, cabendo sua<br />

apreciação, em princípio, aos Po<strong>de</strong>res Executivo e Legislativo, ou seja, ao chefe do Po<strong>de</strong>r Executivo<br />

e ao do Congresso Nacional. Entretanto, se um ou outro pressuposto mostrar​-se <strong>de</strong>scabido, no<br />

controle judicial, o Po<strong>de</strong>r Judiciário <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>cidir pela ilegitimida<strong>de</strong> constitucional da medida<br />

provisória. Dessarte, <strong>de</strong>ve haver, em primeiro lugar, o juízo <strong>de</strong> discricionarieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> valor, a ser feito pelo Presi<strong>de</strong>nte da República, sem embargo do ulterior e excepcional controle<br />

judiciário quando houver excesso do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> legislar.<br />

Note o item consi<strong>de</strong>rado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo <strong>de</strong> Juiz Substituto <strong>de</strong> Carreira<br />

do Pará (TJ/PA), em 2009: “A respeito do regramento constitucional das medidas provisórias, é possível afirmar que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!