07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

não enseja a imunida<strong>de</strong> tributária, a que se referem o art. 31, V, “a”, da Constituição <strong>de</strong> 1946 e o art. 20, III, “a”, da<br />

Constituição <strong>de</strong> 1967, e o fato <strong>de</strong> ser essa mercadoria vendida à União, Estado ou Município, porque o contribuinte, no<br />

caso, não é qualquer <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s, mas o ven<strong>de</strong>dor, que é pessoa jurídico​-privada. Recurso não provido. (RE<br />

69.117/SP, 1ª T., rel. Min. Rodrigues Alckmin, j. em 31​-10​-1972)<br />

III. Em 1974: EMENTA: 1. CONSTITUIÇÃO DE 1967, art. 20, III, “a”. Imunida<strong>de</strong> tribu​tária recíproca outorgada às<br />

pessoas jurídicas <strong>de</strong> direito público interno. Não se esten<strong>de</strong> à pessoa ou entida<strong>de</strong> privada que venda mercadoria<br />

àquelas outras. Não importa saber qual seja o contribuinte <strong>de</strong> fato, nem é relevante a repercussão; no caso, o direito é<br />

concedido tão somente à entida<strong>de</strong> pública indicada no texto constitucional. 2. Recurso extraordinário provido. (RE<br />

78.623/SP​, 2ª T., rel. Min. Antonio Ne<strong>de</strong>r, j. em 17​-06​-1974)<br />

Regina Helena Costa64 relata que, no passado, sobre o tema da imunida<strong>de</strong> recíproca e os<br />

impostos indiretos, houve notáveis <strong>de</strong>bates, travados no STF, entre os Ministros Aliomar Baleeiro e<br />

Bilac Pinto, <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> opiniões diametralmente opostas.<br />

Sob a égi<strong>de</strong> da Carta Magna <strong>de</strong> 1946, enten<strong>de</strong>u o STF, durante muitos anos, que <strong>de</strong>veria<br />

prevalecer a teoria da repercussão, em sua dimensão econômica, prestigiando​-se a interpretação <strong>de</strong><br />

cunho substancial. Assim, se o ente público figurasse na condição <strong>de</strong> contribuinte <strong>de</strong> fato, como<br />

adquirente <strong>de</strong> mercadoria <strong>de</strong> terceiros, não haveria tributo a ser pago. Observe algumas ementas<br />

ratificadoras do entendimento:<br />

I. Em 1967: EMENTA: Sendo o imposto <strong>de</strong> consumo eminentemente indireto, que recai, afinal, sobre o comprador, <strong>de</strong><br />

seu pagamento estão isentas as Caixas Econômicas, que gozam <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> tributária, em face do art. 2º, parágrafo<br />

único, do Dec. n. 24.427, <strong>de</strong> 19​-06​-1934, revigorado pelo Dec. n. 8.555, <strong>de</strong> 26​-12-1945. Recurso ordinário provido.<br />

(RMS 17.380/SP, 1ª T., rel. Min. Barros Monteiro, j. em 13​-11​-1967)<br />

II. Em 1968: EMENTA: IMPOSTO DE CONSUMO. PREFEITURA COMPRADORA DE PRODUTOS DESTINADOS<br />

EXCLUSIVAMENTE AO SEU SERVIÇO. IMUNIDADE. REPERCUSSÃO FISCAL. 1. In<strong>de</strong>vido o tributo, em razão da<br />

imunida<strong>de</strong> constitucional (CF <strong>de</strong> 1946, art. 31, V, “a”). (...) (RMS 19.000/SP, 1ª T., rel. Min. Victor Nunes, j. em 17-<br />

06​-1968) (Observação: ver, ainda: RMS 16.627/MG, 1ª T., rel. Min. Barros Monteiro, j. em 24-10-1967; RE 68.215, 2ª<br />

T., rel. Min. Themístocles Cavalcanti, j. em 08-05-1969)<br />

Em consequência <strong>de</strong>sse pensamento, que <strong>de</strong>sfrutou <strong>de</strong> prestígio à época, o ministro Aliomar<br />

Baleeiro, no RE n. 68.450​-SP, concluiu que o ente público po<strong>de</strong>ria se opor ao pagamento do imposto<br />

quando figurasse como contribuinte <strong>de</strong> fato65. Para o eminente tributarista, importava saber quem<br />

iria ter o patrimônio mutilado pelo imposto66. Note a ementa:<br />

Em 1969: EMENTA: IMUNIDADE RECÍPROCA. As unida<strong>de</strong>s administrativas, imunes à tributação, e as empresas<br />

beneficiadas por isenção <strong>de</strong> todos os impostos fe<strong>de</strong>rais po<strong>de</strong>m, através <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança ou outro remédio<br />

judicial idôneo, opor​-se ao pagamento do imposto <strong>de</strong> consumo, exigido <strong>de</strong> fabricantes ou outros contribuintes “<strong>de</strong> jure”<br />

pelos fornecimentos que lhes façam. (RE 68.450/SP, 1ª T., rel. Min. Aliomar Baleeiro, j. em 04​-12​-1969)<br />

De modo oposto, o ministro do STF, Bilac Pinto, relatou acórdão que se tornou célebre e<br />

paradigmático – o RE n. 68.741​-SP, em 1970 –, enten<strong>de</strong>ndo que a figura do contribuinte <strong>de</strong> fato era

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!