07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

penalida<strong>de</strong>”.<br />

Art. 63. Na constituição <strong>de</strong> crédito tributário <strong>de</strong>stinada a prevenir a <strong>de</strong>cadência, relativo a tributo <strong>de</strong> competência da<br />

União, cuja exigibilida<strong>de</strong> houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei n. 5.172, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 1966, não caberá lançamento <strong>de</strong> multa <strong>de</strong> ofício. (Grifos nossos)<br />

Em termos práticos, “se, durante a vigência <strong>de</strong> uma liminar, o Fisco não efetuar o lançamento, ao<br />

cabo <strong>de</strong> cinco anos não po<strong>de</strong>rá mais fazê​-lo, ainda que a liminar seja cassada, e os pedidos do<br />

contribuinte (autor da ação) julgados improce<strong>de</strong>ntes”7.<br />

A discussão é bastante fértil, chegando até mesmo a se falar na feitura <strong>de</strong> lançamento para<br />

prevenir a <strong>de</strong>cadência, diante da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o contribuinte, ainda que sucumbente, po<strong>de</strong>r<br />

levantar os <strong>de</strong>pósitos judiciais suspensivos da exigibilida<strong>de</strong> do crédito.<br />

No próprio STJ, há divergência entre a 1ª e a 2ª Turmas. A 1ª Turma enten<strong>de</strong> <strong>de</strong>snecessário o<br />

lançamento, não po<strong>de</strong>ndo o contribuinte per<strong>de</strong>dor levantar os <strong>de</strong>pósitos realizados. Já para a 2ª<br />

Turma é necessário que ocorra o lançamento, sob pena <strong>de</strong> ocorrência da <strong>de</strong>cadência.<br />

Veja o julgado da 1ª Turma, em que o entendimento <strong>de</strong> Leandro Paulsen é mostrado no voto <strong>de</strong><br />

lavra do Ministro José Delgado:<br />

EMENTA: (...). NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VIA JUDICIAL ADEQUADA PELO VENCIDO. DEPÓSITO<br />

JUDICIAL. DESNECESSIDADE DA FORMAL CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. (...) 4. “No lançamento por<br />

homologação, o contribuinte, ocorrido o fato gerador, <strong>de</strong>ve calcular e recolher o montante <strong>de</strong>vido, in<strong>de</strong>​pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

provocação. Se, em vez <strong>de</strong> efetuar o recolhimento simplesmente, resolve questionar judicialmente a obrigação<br />

tributária, efetuando o <strong>de</strong>pósito, este faz as vezes do recolhimento, sujeito, porém, à <strong>de</strong>cisão final transitada em<br />

julgado. Não há que se dizer que o <strong>de</strong>curso do prazo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncial, durante a <strong>de</strong>manda, extinga o crédito tributário,<br />

implicando a perda superveniente do objeto da <strong>de</strong>manda e o direito ao levantamento do <strong>de</strong>pósito. Tal conclusão seria<br />

equivocada, pois o <strong>de</strong>pósito, que é pre<strong>de</strong>stinado legalmente à conversão em caso <strong>de</strong> improcedência da <strong>de</strong>manda, em<br />

se tratando <strong>de</strong> tributo sujeito a lançamento por homologação, equipara​-se ao pagamento no que diz respeito ao<br />

cumprimento das obrigações do contribuinte, sendo que o <strong>de</strong>curso do tempo sem lançamento <strong>de</strong> ofício pela autorida<strong>de</strong><br />

implica lançamento tácito no montante exato do <strong>de</strong>pósito”. (PAULSEN, Leandro. <strong>Direito</strong> tributário. 7. ed. Porto Alegre:<br />

Livraria do Advogado, p. 1.227) “5. Embargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração parcialmente acolhidos, sem efeitos infringentes”. (EDcl<br />

no REsp 736.918/RS, 1ª T., rel. Min. José Delgado, j. em 14​-03​-2006) (Grifo nosso)<br />

Noutro sentido, veja o julgado da 2ª Turma:<br />

EMENTA: TRIBUTÁRIO. IPI. FORMA DE APURAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. DL 2.450/88 E LEI 7.799/89. CTN,<br />

ART. 151, II. DEPÓSITO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO.<br />

POSSIBILIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. DECADÊNCIA. LEVANTAMENTO DOS VALORES DEPOSITADOS.<br />

IMPOSSIBILIDADE ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. PRECEDENTES. O <strong>de</strong>pósito do montante<br />

integral suspen<strong>de</strong> a exigibilida<strong>de</strong> do crédito tributário impugnado, nos termos do art. 151, II, do CTN, mas não impe<strong>de</strong><br />

que a Fazenda proceda ao lançamento e, muito menos, que se abstenha <strong>de</strong> lavrar novas autuações sob o mesmo<br />

fundamento, paralisando apenas a execução do crédito controvertido. Transcorrido o prazo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> cinco anos<br />

(art. 150, § 4º, do CTN), insuscetível <strong>de</strong> interrupção ou suspensão, e não efetuado o lançamento dos valores<br />

impugnados e <strong>de</strong>positados em juízo, há que se reconhecer a <strong>de</strong>cadência do direito do fisco efetuar a constituição do<br />

crédito tributário. A jurisprudência <strong>de</strong>ste Tribunal Superior firmou o entendimento no sentido <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>pósito para

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!