07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

etenção integral (100%) do imposto <strong>de</strong> renda inci<strong>de</strong>nte sobre rendimentos pagos, a qualquer título<br />

por eles aos respectivos servidores (arts. 157, I e 158, I, ambos da CF), é crível que sejam partes<br />

legítimas na ação <strong>de</strong> restituição <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> renda retido na fonte proposta por seus servidores.<br />

g) IRPF e os valores recebidos acumuladamente: na hipótese <strong>de</strong> se receberem benefícios pagos<br />

acumuladamente, algumas dúvidas surgem, no campo <strong>de</strong> incidência do imposto <strong>de</strong> renda: 1. Como<br />

<strong>de</strong>ve ser calculado o imposto? 2. Deverão ser utilizadas as alíquotas vigentes à época em que os<br />

valores <strong>de</strong>veriam ter sido adimplidos, com base na renda auferida mês a mês pelo contribuinte ou<br />

apenas uma alíquota inci<strong>de</strong>nte sobre o montante global pago extemporaneamente?<br />

Os questionamentos levam-nos a refletir sobre qual o regime <strong>de</strong> cobrança do IR <strong>de</strong>verá incidir<br />

sobre as verbas recebidas em atraso – se o regime <strong>de</strong> competência (próprio das pessoas jurídicas,<br />

conforme a legislação concernente às socieda<strong>de</strong>s anônimas), ou o regime <strong>de</strong> caixa (próprio das<br />

pessoas físicas). Nesse momento, urge estabelecermos com maior cautela a distinção <strong>de</strong> tais regimes:<br />

Enquanto o regime <strong>de</strong> caixa diz respeito à disponibilida<strong>de</strong> econômica, o regime <strong>de</strong> competência<br />

se refere à disponibilida<strong>de</strong> jurídica. O primeiro (regime <strong>de</strong> caixa) pressupõe a percepção efetiva e<br />

concreta da renda, sem qualquer empecilho. Basta lembrarmos, mnemonicamente, do “dinheiro em<br />

caixa” e, assim, teremos um visão ilustrativa do que vem a ser a disponibilida<strong>de</strong> econômica. Por<br />

outro lado, o regime <strong>de</strong> competência atrela-se ao título jurídico que permitirá ao beneficiário, após,<br />

obter aquela realização da renda.<br />

Voltando às dúvidas iniciais, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da solução escolhida, os argumentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa po<strong>de</strong>rão<br />

ser diversos.<br />

Diante da incidência <strong>de</strong> uma alíquota maior, será possível arguir que ela po<strong>de</strong>ria onerar<br />

paradoxalmente aquele contribuinte que teve resistida a satisfação do direito, optando por ingressar<br />

em Juízo – uma garantia inerente à cidadania. E mais: que tal cenário seria um incentivo ao Estado no<br />

<strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> suas obrigações, instigando o cidadão a buscar uma solução no Po<strong>de</strong>r Judiciário,<br />

sem perceber que, ao final, po<strong>de</strong>ria vir a ser tributado mais gravosamente. Tal linha <strong>de</strong> raciocínio<br />

leva à primazia do regime <strong>de</strong> competência.<br />

Por outro lado, em face da incidência <strong>de</strong> uma alíquota maior, será possível arguir que a obrigação<br />

<strong>de</strong> pagar o IRPF surge, <strong>de</strong> fato, com a disponibilida<strong>de</strong> econômica da renda, uma vez que o regime <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!