07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

jurídicas e a própria segurança jurídica, uma vez que as coisas não po<strong>de</strong>m arrastar​-se<br />

in<strong>de</strong>finidamente.<br />

A <strong>de</strong>cadência aplicada ao sistema tributário, à luz do CTN, tem sido motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> polêmica e<br />

gerado incontáveis incompreensões, na doutrina e na jurisprudência, sobretudo do STJ.<br />

Em regra geral, a <strong>de</strong>cadência (do latim ca<strong>de</strong>us, <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>re, na acepção <strong>de</strong> “perecer, cair ou<br />

cessar”) é uma forma extintiva <strong>de</strong> direito subjetivo (do sujeito ativo), constante numa relação jurídica<br />

<strong>de</strong> direito material, substantivo ou substancial.<br />

O direito subjetivo é a faculda<strong>de</strong> do sujeito <strong>de</strong> exercer uma conduta​ diante da ocorrência <strong>de</strong> um<br />

fato. Enquanto o direito objetivo refere​-se às normas jurídicas, constituindo​-se numa pauta básica <strong>de</strong><br />

valores, o direito subjetivo, na ótica tributária, atrela​-se à faculda<strong>de</strong> do sujeito ativo <strong>de</strong> agir em<br />

direção ao sujeito passivo, com o fito <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r ao lançamento.<br />

O instituto em comento visa atacar, <strong>de</strong>sse modo, o próprio direito, promovendo seu <strong>de</strong>caimento<br />

ou seu perecimento, o que obsta a constituição do crédito tributário pelo Fisco (art. 156, V, CTN).<br />

Essa é a razão por que a Fazenda não está inibida <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r ao lançamento, prevenindo a<br />

<strong>de</strong>cadência do direito <strong>de</strong> lançar, mesmo que haja a suspensão da exigibilida<strong>de</strong> do crédito tributário<br />

(para a melhor compreensão do tema, vi<strong>de</strong> o capítulo 24 acerca da “suspensão do crédito<br />

tributário”). Portanto, a simples suspensão do crédito tributário (art. 151, I a VI, CTN) não impe<strong>de</strong> a<br />

sua constituição e, <strong>de</strong>sse modo, não influi no prazo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncial. Há iterativa jurisprudência nesse<br />

sentido:<br />

EMENTA: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA.<br />

PRAZO QUINQUENAL. (...) 3. A suspensão da exigibilida<strong>de</strong> do crédito tributário na via judicial impe<strong>de</strong> o Fisco <strong>de</strong><br />

praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança <strong>de</strong> seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução<br />

e penhora, mas não impossibilita a Fazenda <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r à regular constituição do crédito tributário para prevenir a<br />

<strong>de</strong>cadência do direito <strong>de</strong> lançar. 4. Embargos <strong>de</strong> divergência providos. (EREsp 572.603/PR, 1ª T., rel. Min. Castro<br />

Meira, j. em 08​-06​-2005; ver, nesse sentido: REsp 119.156/SP, rel. Min. Laurita Vaz, 2ª T., j. em 05-09-2002)<br />

Ad argumentandum, há polêmica sobre o verda<strong>de</strong>iro objeto da <strong>de</strong>cadência: para alguns, é o<br />

crédito tributário, conforme dispõem os arts. 156, V e 173, ambos do CTN; para outros, é a própria<br />

obrigação tributária. Tal divergência <strong>de</strong>corre, na verda<strong>de</strong>, da discussão se o crédito somente nasce<br />

com o lançamento ou se surge junto com a obrigação tributária. No primeiro caso, o <strong>de</strong>curso do prazo<br />

<strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncial não teria o condão <strong>de</strong> extingui​-lo, uma vez que ainda não existe, mas fulminaria a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!