07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Estadual do Espírito Santo, em 2009: “O princípio da não utilização <strong>de</strong> tributo com efeito <strong>de</strong> confisco dá​-se,<br />

principalmente, pela falta <strong>de</strong> correspondência entre a punição <strong>de</strong> um ato ilícito e a cobrança <strong>de</strong> um tributo”.<br />

Preten<strong>de</strong>r quantificar legalmente o fenômeno do confisco é tarefa​ complexa, pois a celeuma que o<br />

circunda não se fia, com exclusivismo, ao critério objetivo, no bojo <strong>de</strong> uma mera alíquota mal<br />

manejada, mas, sim, aos contornos do critério subjetivo, à luz do princípio da capacida<strong>de</strong><br />

contributiva.<br />

Desse modo, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação dos índices <strong>de</strong> tolerabilida<strong>de</strong> do confisco,<br />

preten<strong>de</strong>ndo​-se <strong>de</strong>scobrir “quando se caracteriza o efeito confiscatório do tributo, vedado pela<br />

Carta Magna”43, é assaz <strong>de</strong>safiadora. Não menos problemática é a missão <strong>de</strong> compatibilizar a carga<br />

tributária com a capacida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> cada um, pois tudo parece caminhar para “um círculo<br />

vicioso: é confiscatório o tributo que <strong>de</strong>srespeite a capacida<strong>de</strong> contributiva; a capacida<strong>de</strong><br />

contributiva é superada quando o tributo passa a ter efeito confiscatório”44.<br />

Note o item consi<strong>de</strong>rado INCORRETO, em prova rea​lizada pelo Cespe/UnB, para o cargo <strong>de</strong> Advogado da União (AGU),<br />

em 2009: “Para que sejam garantidas a aplicação do princípio do não confisco e a do princípio da capacida<strong>de</strong><br />

contributiva, o STF enten<strong>de</strong> que a Constituição <strong>de</strong> um Estado​-membro da Fe<strong>de</strong>ração po<strong>de</strong> estabelecer limites para o<br />

aumento dos impostos e contribuições municipais”.<br />

A bem da verda<strong>de</strong>, ainda se busca o êxito na estipulação das linhas <strong>de</strong>marcatórias do confisco,<br />

em matéria <strong>de</strong> tributo, “po<strong>de</strong>ndo​-se dizer que sua doutrina está ainda por ser elaborada”45. Temos<br />

enfatizado que sobejam os trabalhos científicos; labutam a doutrina e a jurisprudência; soçobram as<br />

tentativas <strong>de</strong> exibição nítida das fronteiras nos territórios do confisco. Nesse diapasão, o art. 150, IV,<br />

CF mostra​-se intrincado e embaraçoso, oferecendo ao exegeta poucas opções: um rumo axiológico a<br />

ser seguido e um limite <strong>de</strong> confisco a ser <strong>de</strong>scoberto46.<br />

No plano prático, alguns autores tentaram aclarar os limites dos efeitos do confisco. Hugo <strong>de</strong><br />

Brito Machado, inicialmente, trouxe à baila a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o princípio será invocado se o tributo vier<br />

a confiscar os bens do contribuinte47. Refinando seu pensamento, em obra diversa e posterior,<br />

lançou mão o estimado professor <strong>de</strong> um critério mais claro, que merece transcrição: “... a<br />

proporcionalida<strong>de</strong> da carga tributária aos serviços públicos prestados. Havendo o <strong>de</strong>sequilíbrio<br />

nessa balança, <strong>de</strong>spontando a falta <strong>de</strong> equivalência entre o tributo e o serviço, haverá confisco”48.<br />

Desse modo, a aferição do parâmetro i<strong>de</strong>al para fins <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção da confiscabilida<strong>de</strong>49 dota​-se,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!