07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir” do Estado que tributa4.<br />

Aliás, Montesquieu5, já no século XVIII, advertia que “não há nada que a sabedoria e a<br />

prudência <strong>de</strong>vam regular tão bem quanto a porção que se tira e a porção que se <strong>de</strong>ixa aos<br />

súditos”.<br />

Posto isso, nota​-se, nos dias hodiernos, que o postulado em análise é a síntese <strong>de</strong> conquistas<br />

históricas em matéria fiscal, dotando​-se <strong>de</strong> sublime conteúdo garantístico, na regulação da não<br />

confiscável capacida<strong>de</strong> particular <strong>de</strong> pagar o tributo perante o limitado po<strong>de</strong>r estatal <strong>de</strong> exigi​-lo.<br />

3 O CONFISCO NA TRADIÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA<br />

No Brasil do Império, sob a égi<strong>de</strong> das Or<strong>de</strong>nações Filipinas, o confisco era legítimo, mas com<br />

um viés punitivo, em face dos crimes <strong>de</strong> lesa​-majesta<strong>de</strong>6, sem cogitação da fenomenologia tributária.<br />

O eminente tributarista Ricardo Lobo Torres7 relata que, já no século XIX, o Decreto <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong><br />

maio <strong>de</strong> 1821 – ao proibir “tomar​-se a qualquer coisa alguma contra a sua vonta<strong>de</strong>, e sem<br />

in<strong>de</strong>nização” –, foi consi<strong>de</strong>rado o primeiro documento legislado no nosso país a respeito do<br />

princípio que veda o confisco.<br />

Conquanto ausente a previsão expressa da proibição do confisco nos textos constitucionais<br />

anteriores ao atual, manifestando​-se, assim, implícita a sua garantia, a reboque do direito <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>, a evolução do não confisco no constitucionalismo brasileiro po<strong>de</strong> ser assim resumida8:<br />

1. Constituição <strong>de</strong> 1824 (art. 179, n. 20): o texto constitucional do Império, ainda que calcado<br />

em disposição protetiva – “(...) não haverá em caso algum confiscação <strong>de</strong> bens, (...)” –, foi<br />

i<strong>de</strong>alizado por representantes da aristocracia rural, os mais interessados em coibir o confisco<br />

<strong>de</strong> bens, que surgia com inequívoca i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> penalização, como resultado da prática <strong>de</strong> um ato<br />

ilegal;<br />

2. Constituição <strong>de</strong> 1934 (art. 113, n. 29): à semelhança da previsão constante da Carta anterior,<br />

o confisco continuava sendo vedado, agora em dispositivo igualmente proibitivo <strong>de</strong> outras<br />

situações, v.g., pena <strong>de</strong> morte, pena <strong>de</strong> banimento e <strong>de</strong> caráter perpétuo. Frise​-se que, na Carta<br />

Magna <strong>de</strong> 1934, estabeleceu​-se, pela primeira vez, a indicação <strong>de</strong> parâmetros objetivos para a<br />

caracterização do efeito <strong>de</strong> confisco na tributação, conforme se lê no art. 185: “Nenhum

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!