07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

não era tributo, mas um “empréstimo público”; a segunda, congregando a maioria dos estudiosos da<br />

matéria, <strong>de</strong>fendia que o empréstimo compulsório não era empréstimo público, mas, verda<strong>de</strong>iramente,<br />

um tributo.<br />

No contexto da primeira teoria, editou-se a Súmula n. 418 do STF, que se originou do acórdão<br />

extraído do Recurso em Mandado <strong>de</strong> Segurança n. 11.252/PR (Pleno), <strong>de</strong> relatoria do Ministro<br />

Antonio Villas, em 23 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1964. Observe o enunciado da Súmula:<br />

O empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita à exigência constitucional da prévia<br />

autorização orçamentária.<br />

É que, sob a égi<strong>de</strong> da Carta Magna <strong>de</strong> 1946, os tribunais brasileiros, incluindo o STF,<br />

rechaçavam a fisionomia tributária do empréstimo compulsório, razão pela qual remanescia fértil<br />

terreno à propagação da i<strong>de</strong>ia coativista do empréstimo compulsório, o que facilitou a edição da<br />

indigitada Súmula. Entendia-se, à época, que o empréstimo compulsório era um “contrato ou<br />

empréstimo coativo”, marcado pela cláusula <strong>de</strong> restituição e pela coativida<strong>de</strong> própria dos contratos<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são6.<br />

Esse modo <strong>de</strong> pensar, todavia, foi sendo, paulatinamente, minado pelas encetantes críticas da<br />

doutrina, capitaneadas por Alci<strong>de</strong>s Jorge Costa7 e Amílcar <strong>de</strong> Araújo Falcão8, os quais <strong>de</strong>fendiam a<br />

natureza tributária dos empréstimos compulsórios. A diferença entre eles se mostrava no modo como<br />

concebiam a espécie tributária: “com hibridismo” ou “sem hibridismo”. A primeira concepção – a do<br />

empréstimo compulsório como tributo híbrido (meta<strong>de</strong> tributo, meta<strong>de</strong> mútuo) –, <strong>de</strong>fendida por<br />

Alci<strong>de</strong>s Jorge Costa, calcava-se na teoria mista; a segunda – a do empréstimo compulsório como<br />

tributo não híbrido –, esposada por Amílcar <strong>de</strong> Araújo Falcão, lastreava-se na teoria pura.<br />

Frise-se que Amílcar <strong>de</strong> Araújo Falcão, o principal <strong>de</strong>fensor brasileiro da teoria pura9, aliou-se<br />

ao entendimento <strong>de</strong> vários estudiosos – ​Alfredo Augusto Becker10, Pontes <strong>de</strong> Miranda11, Aliomar<br />

Baleeiro12, Geraldo Ataliba13, Rubens Gomes <strong>de</strong> Sousa14, Ruy Barbosa Nogueira15 e outros –, o<br />

que dava sinais <strong>de</strong> que a doutrina, <strong>de</strong> um modo geral estava <strong>de</strong>masiado predisposta a se posicionar<br />

afirmativamente na <strong>de</strong>fesa da feição tributária do empréstimo compulsório.<br />

Como se afirmou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a EC n. 18/65, notava-se a visão ratificadora da natureza tributária do<br />

empréstimo compulsório, chancelada pelo STF antes mesmo da Carta Magna <strong>de</strong> 1988, conforme se<br />

nota no RE 111.954/PR, Pleno, <strong>de</strong> relatoria do Ministro Oscar Correa, já <strong>de</strong>talhado neste capítulo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!