07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

(REsp 681.406/RJ, rel. Min. José Delgado, 1ª T., j. em 07​-12​-2004) (Grifo nosso)<br />

EMENTA: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPTU. LOCATÁRIO. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. ARTS. 34,<br />

121 E 123 DO CTN. PRECEDENTES. (...) 3. “Contri-buinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu<br />

domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título” (art. 34 do CTN). O “possuidor a qualquer título” refere​-se, tão<br />

somente, para situações em que ocorre posse ‘ad usucapionem’, não inserida nesta seara a posse indireta exercida<br />

pelo locatário. (...) (REsp 818.618/RJ, rel. Min. José Delgado, 1ª T., j. em 06​-04​-2006)<br />

Em tempo, vale a pena mencionar que a Fazenda Pública po<strong>de</strong>rá escolher quem será o alvo na<br />

execução fiscal – se o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor a qualquer título. A<br />

existência <strong>de</strong> um não implica a exclusão automática <strong>de</strong> outro, para fins <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> passiva nos<br />

processos executivos. A autorida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá optar por um ou por outro, visando facilitar o<br />

procedimento <strong>de</strong> arrecadação. Esse é o entendimento sacramentado no STJ10.<br />

Um outro ponto que merece <strong>de</strong>staque é que existem alguns casos em que a chamada imunida<strong>de</strong><br />

tributária recíproca <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser aplicável. Um <strong>de</strong>les vem agora a calhar: quando os imóveis<br />

imunes são objeto <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> compromisso irrevogável e irretratável <strong>de</strong> compra e venda. Em<br />

outras palavras, é o caso em que a imunida<strong>de</strong> recíproca não será suficiente para exonerar o<br />

promitente comprador da obrigação <strong>de</strong> pagar imposto relativamente ao bem imóvel, no caso, o IPTU.<br />

O tema <strong>de</strong>corre da parte fi​nal do § 3º do art. 150 da Carta Magna:<br />

Art. 150. (...)<br />

§ 3º. As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior (...), nem exoneram o promitente comprador da obrigação<br />

<strong>de</strong> pagar imposto relativamente ao bem imóvel.<br />

O compromisso irretratável <strong>de</strong> compra e venda é um contrato me​dian​te o qual o proprietário do<br />

imóvel (promitente ven<strong>de</strong>dor) se compro​me​te a aliená​-lo a uma pessoa (promitente comprador) <strong>de</strong><br />

maneira irrevo​gável. O contrato dá a este um direito real <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> coisa alheia, mas não<br />

transfere a proprieda<strong>de</strong>, o que será feito a posteriori, ao final do contrato.<br />

É sabido que uma pessoa que firma um compromisso irretratável <strong>de</strong> compra e venda com um ente<br />

imune não tem a proprieda<strong>de</strong> do bem, o que alcançará com o término do contrato. Todavia, possui<br />

sobre o bem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, o direito real <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> coisa alheia, e isso, segundo o dispositivo<br />

constitucional, já é bastante para impor​-lhe o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> recolher os impostos inci<strong>de</strong>ntes sobre este<br />

bem imóvel, v.g., o IPTU, ainda que a proprieda<strong>de</strong> se mantenha com a entida<strong>de</strong> imune.<br />

A bem da verda<strong>de</strong>, mesmo antes da Carta Magna <strong>de</strong> 1988, a jurisprudência do STF já legitimava<br />

a tributação do imóvel objeto <strong>de</strong> compromisso irretratável <strong>de</strong> compra e venda, conforme se nota na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!