07.04.2017 Views

Manual de Direito Tributario 8a Ed. Eduardo Sabbag 2016.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

estranha à relação tributária, não po<strong>de</strong>ndo alegar, a seu favor, a imunida<strong>de</strong> tributária. Observe a<br />

ementa:<br />

EMENTA: IMUNIDADE FISCAL RECÍPROCA. NÃO TEM APLICAÇÃO NA COBRANÇA DO IMPOSTO SOBRE<br />

PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. O CONTRIBUINTE DE IURE E O INDUSTRIAL OU PRODUTOR. Não é possível<br />

opor à forma jurídica a realida<strong>de</strong> econômica para excluir uma obrigação fiscal precisamente <strong>de</strong>finida na lei. O<br />

contribuinte <strong>de</strong> fato é estranho à relação tributária e não po<strong>de</strong> alegar, a seu favor, a imunida<strong>de</strong> recíproca.<br />

(RE 68.741/SP, 2ª T., rel. Min. Bilac Pinto, j. em 28-09-1970)<br />

Portanto, para Bilac Pinto, não se podia opor à forma jurídica a realida<strong>de</strong> econômica – como<br />

<strong>de</strong>sejava Baleeiro, no bojo da interpretação econômica da repercussão tributária –, porquanto a<br />

relação tributária se estabelecia unicamente entre o po<strong>de</strong>r tributante e o contribuinte “<strong>de</strong> direito” (ou<br />

responsável), nos termos da lei, prescindindo​-se do binômio conceitual “contribuinte <strong>de</strong> direito<br />

versus contribuinte <strong>de</strong> fato”.<br />

O curioso é que o entendimento <strong>de</strong> Bilac Pinto sinalizou uma evolução no entendimento<br />

jurispru<strong>de</strong>ncial do STF, que passou então a adotar a tese inversa67, avocando para a repercussão<br />

tributária uma interpretação <strong>de</strong> cunho formal, ou seja, admitindo a incidência dos impostos indiretos<br />

nas compras <strong>de</strong> bens por entida<strong>de</strong>s políticas imunes.<br />

Urge <strong>de</strong>stacar que, em 1976, foi elaborada no STF a Súmula n. 591, que vem ao encontro do<br />

entendimento acima chancelado: “A imunida<strong>de</strong> ou a isenção tributária do comprador não se esten<strong>de</strong><br />

ao produtor, contribuinte do IPI”.<br />

Note o item consi<strong>de</strong>rado INCORRETO, em prova rea​li​zada pelo Tribunal <strong>de</strong> Jus​tiça do Paraná, para o car​go <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong><br />

<strong>Direito</strong>, em 2008: “A imunida<strong>de</strong> recí​proca veda a instituição do ​imposto sobre produtos industrializados sobre os<br />

automóveis adquiridos por instituições <strong>de</strong> assistência social, sem fins lucrativos”.<br />

Observa​-se que o teor da súmula impõe que a entida<strong>de</strong> compradora, ainda que imune, na<br />

condição <strong>de</strong> pessoa política – ou qualquer outra entida<strong>de</strong> imune, constante das <strong>de</strong>mais alíneas, v.g.,<br />

templos, entida<strong>de</strong>s beneficentes etc. –, não o será nas aquisições <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores<br />

(“produtores”, na dicção da súmula, à luz do fato gerador do IPI), quando se colocarem como<br />

contribuintes do imposto, recaindo sobre eles o ônus tributário.<br />

Note o pontual comentário <strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong> Barros Carvalho68:<br />

“Problema surge no instante em que se traz ao <strong>de</strong>bate a aplicabilida<strong>de</strong> da regra que imuniza a impostos cujo encargo<br />

econômico seja transferido a terceiros... Predomina a orientação no sentido <strong>de</strong> que tais fatos não seriam alcançados<br />

pela imunida<strong>de</strong>, uma vez que os efeitos econômicos iriam beneficiar elementos estranhos ao Po<strong>de</strong>r Público, refugindo<br />

do espírito da providência constitucional”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!