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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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1413 Op3 (n ã q a m )<br />

O estudo do uso dessa raiz revela que existem relativam ente poucos casos em que o<br />

hom em é considerado com o uma origem apropriada de vingança. Com freqüência o ser<br />

hum ano é um a causa secundária, ao passo que Deus é a origem (Ez 25.14). N orm alm ente<br />

esse é o caso quando os israelitas se vingam de seus inim igos (Js 10.13). Em Núm eros<br />

31.2-3, a ação de os israelitas executarem vingança contra os m idianitas (v. 2) eqüivale<br />

ao próprio Senhor fazê-lo (v. 3). Em alguns casos, Deus instrui os israelitas quando estes<br />

são convocados a exercer vingança em nom e dele (e.g., Nm 31). Outras passagens<br />

advertem os hom ens a não tom ar a vingança nas próprias m ãos (Lv 19.18; Dt 32.35).<br />

M uito em bora nãqam não seja em pregado em Gênesis 9.6, a pena de m orte é exigida em<br />

casos de assassinato, pois o hom em é feito à im agem de Deus, e tirar a vida de alguém<br />

sem perm issão divina é considerado uma ofensa contra Deus e tam bém contra o hom em .<br />

A m aioria dos usos de nãqam envolve Deus com o a fonte da vingança. A passagem<br />

clássica é Deuteronom io 32.35, 41, “a mim me pertence a vingança, (...) retribuirei aos que<br />

me odeiam ”. Deus estaria contrariando seu caráter de santidade e justiça caso perm itisse<br />

que o pecado e a rebeldia ficassem sem castigo. Os profetas ressaltaram “o dia da<br />

vingança do SEN H O R” (Is 34.8; 61.2; 63.4) com o épocas na história quando o Senhor acerta<br />

as contas. Foi assim que Jerem ias viu a queda de Jerusalém . Uma vez que no curso da<br />

H istória é im possível acertar todas as contas, faz-se necessário o eschaton profético ou o<br />

dia derradeiro da vingança do Senhor. Esse dia é o que se tem em m ente em Isaías 63.1-6.<br />

Aí Deus pisa sozinho o lagar e em sua ira calca com os pés os seus inim igos (Ap 19.15).<br />

Sem elhantem ente, no ensino neotestam entário da retribuição, uma noção fundam ental<br />

à sua m ensagem , a vingança pertence essencialm ente ao futuro em vez do presente.<br />

A Bíblia contrabalança a fúria da vingança de Deus contra o pecador com a grandeza<br />

de sua m isericórdia para com aqueles a quem ele resgata do pecado. Jam ais se deve olhar<br />

para a vingança de Deus sem levar em conta seu propósito de m anifestar m isericórdia.<br />

Ele não é sim plesm ente o Deus de ira, mas tem de ser o Deus de ira a fim de que sua<br />

m isericórdia faça sentido. Além do próprio Deus, o AT focaliza não os objetos de sua<br />

vingança, mas os de sua m isericórdia, sua possessão especial (s'gúlâ), seu povo, com o<br />

qual tem um a aliança eterna.<br />

E xistem duas m aneiras pelas quais Deus se vinga com relação a seu povo. Prim eiro,<br />

ele vinga o seu povo no sentido de que se torna o seu paladino contra o inim igo com um<br />

(Sl 94). Segundo, na condição de Deus da aliança, ele castiga aqueles que rom pem a<br />

aliança com ele. “ Eu m esm o vos ferirei sete vezes m ais por causa dos vossos pecados.<br />

Trarei sobre vós a espada vingadora da m inha aliança” (Lv 26.24-25).<br />

O povo do AT é lem brado de que apenas Deus pode ser o paladino de si m esm o sem<br />

incorrer em erro (Dt 32.35). Esse versículo ecoa em Rom anos 12.19, em que Paulo adverte<br />

contra um espírito vingador por parte do povo de Deus. A passagem tam bém é citada pelo<br />

autor de Hebreus para alertar que é coisa horrível estar sob a ira vingadora de Deus<br />

(10.28-31).<br />

Por causa das expressões no AT que se referem a um ódio justo contra os inim igos d e<br />

D eus, os quais tam bém procuraram destruir o seu povo (Sl 54), tendem os a achar que o<br />

AT ensina que sem pre se deve odiar os inim igos. Pode-se ver que isso não é verdade com<br />

base na citação que Paulo faz de Provérbios 25.21-22 em Rom anos 12.20, “se o teu inim igo<br />

tiver fom e, dá-lhe de com er”, etc. Os antigos hebreus, à sem elhança de m uitos cristãos d a<br />

atualidade, aplicaram erroneam ente a doutrina da vingança divina e usaram -na com o<br />

desculpa para alim entar sentim entos vingativos uns contra os outros. Em M ateus 5.43<br />

e ss. Jesus esteve repreendendo essa aplicação errônea e, em passagens com o M ateus<br />

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