DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

A palavra tam bém tem as conotações de “praticar”, quando se refere ao erro (Os 6.9),
“tratar alguém ” (Zc 1.6; ARA, “fazer a alguém ”), e “seguir (um conselho)” (2 Sm 17.23).
Quando tem Deus com o sujeito, a palavra muitas vezes ressalta os atos de Deus na
História. Esses contextos enfatizam um dos conceitos fundam entais da teologia do AT, i.e.,
que Deus é não apenas transcendente, mas também im anente na História, operando seu
propósito soberano. M oisés pôde contar os grandes atos de Deus no Egito, lem brando o
povo de tudo o que Deus “fizera” (Dt 29.1). Aquilo que Deus fez às nações é um
testem unho da intervenção de Deus na H istória (Js 23.3). Salom ão, em sua oração de
dedicação do tem plo, pôde suplicar a Deus que “agisse” (1 Rs 8.39). A palavra ‘ãsâ é
m uitas vezes em pregada em referência aos sinais e m aravilhas operados por Deus ao
longo da história (Js 24.17; Sl 98.1; Is 25.1), uma vez mais dem onstrando a grande ênfase
que o AT atribui à im anência de Deus.
O vocábulo ocorre com grande freqüência no relato da criação, em Gênesis, que é o
primeiro grande ato de Deus na História. É de grande interesse o intercâm bio
significativo entre as palavras bãrã’, “criar”, e ‘ásâ. O verbo bãrã’ transm ite a idéia de
dar origem ao objeto envolvido. Sem pre tem a conotação daquilo que som ente Deus é
capaz de fazer e freqüentem ente salienta o caráter totalm ente novo do objeto criado. O
verbo ‘ãsâ é de um alcance muito mais amplo, tendo a conotação básica de dar form a ao
objeto, mas com quase nenhuma preocupação com conotações especiais.
Parece que o em prego de bãrã’ na frase inicial do relato da criação deixa im plícito
que os fenôm enos físicos vieram a existir naquela época e não que tiveram nenhuma
existência anterior na forma em que foram criados pelo fiat divino. Possivelm ente o uso
de ‘ãsâ tenha apenas a conotação do ato de dar form a aos objetos envolvidos em todo o
processo criador.
Nas Escrituras também se usa o verbo ‘ãsâ para descrever aspectos da obra de Deus
na criação (Sl 86.9; 95.5; 96.5).
ma‘ãseh« Feito, ato, obra, negócio, destreza, propósito. O significado básico do
substantivo m a‘ãseh é de “aquilo que é feito” . Com freqüência ocorre com o sentido básico
de “trabalho” ou “atividade extenuante” (Gn 5.29; Êx 5.4). M uitas vezes usa-se a palavra
em contextos que denunciam os ídolos com o “obra” das mãos dos hom ens (Sl 115.4; Is 2.8).
A palavra possui o sentido de “feito” e, à sem elhança da sua raiz verbal, em prega
esse conceito em contextos tanto genéricos (Gn 20.9; 1 Sm 19.4) quanto éticos. Quando
usada em contextos éticos, possui, às vezes, um a conotação negativa (Êx 23.24; Ed 9.13).
Pode, no entanto, ser usada positivam ente (Pv 31.31). A “obra” de alguém é a base para
a retribuição por parte de Deus (Sl 62.12 [13]).
O vocábulo com freqüência ocorre com o sentido de “obra” em contextos que se
referem à atividade divina no m undo criado (e.g., Sl 118.17). Nesse aspecto surge um
conceito teológico fundamental na afirm ação de que Deus é bom em tudo o que faz (Sl
145.17). O salm ista afirmou que todos as obras divinas são feitas em fidelidade (Sl 33.4).
Seus feitos são im pressionantes (Sl 66.3) e não têm igual (Sl 86.8).
As obras de Deus incluem as m aravilhas que ele operou em favor de Israel (Dt 11.3,
7) e tam bém os seus grandes atos, tais com o foram revelados em sua criação (Sl 107.24).
Esses contextos afirm am um conceito de Deus que é fundamental para a com preensão de
Deus no AT. Pode-se discernir em duas esferas os atos divinos: o universo físico, que
testifica do poder de Deus, e o âmbito da História, em que os atos de Deus podem ser
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