DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1650 r y j (‘á n â)
Outro sentido secundário é o de “falar” (veja-se JOÜON, Respondit et Dixit). A raiz
freqüentemente indica o início de uma conversação (Jó 3.2; Ct 2.10; 1 Sm 9.17). Pode
referir-se a um berro estridente, como o de animais (Is 13.22), ou um brado, como o de
vitória (Êx 32.18; Jr 51.14).
No caso de V m a an (veja também abaixo), a conotação “a fim de que” ocorre com
algum fim conhecido e planejado em mente, transmitindo, por conseguinte a idéia de “com
vistas à reação desejada de”. Abraão orientou Sara a dizer que era sua irmã para que
tudo fosse bem com ele (Gn 12.13). Jeú fez uma festa cujo objetivo aparente era honrar
Baal. O objetivo oculto, no entanto, era destruir os adoradores desse deus (2 Rs 10.19).
Isso ajuda a entender passagens como Jeremias 7.10, em que o povo é censurado por vir
ao templo enquanto amava o pecado e “temia” a Deus. Na verdade estava tentando
apaziguar a Deus a fim de que pudesse continuar pecando.
Também se emprega essa palavra em relação às ações de Deus na História. Em
Gênesis 50.20 José diz a seus irmãos que eles tinham planejado fazer-lhe mal ao vendê-lo
à escravidão (Gn 37.22). Ele também lhes disse que Deus esteve no controle o tempo todo
“a fim de que” (t.e., “tendo em vista o fim desejado e alcançado”) lhe sobreviesse o bem.
Quando Deus explicou a Moisés que iria endurecer o coração de Faraó, a iniciativa da
ação de endurecimento claramente parte de Deus, não de Faraó. Deus está seguindo um
plano, visto que esse “endurecimento” tem uma finalidade predeterminada: primeiro, que
a glória dele fosse vista nos sinais, e, em segundo lugar, que a glória divina fosse narrada
em testemunhos de uma pessoa a outra. Deus queria mostrar a sua glória ao fazer com
que a ira do homem redundasse em seu louvor (Sl 76.10 (111). De igual modo Deus
endureceu o coração de Seom (Dt 1.30) a fim de entregá-lo nas mãos de Israel. Entretanto,
a base para esse endurecimento foi, sem dúvida alguma, judicial e causada pelo pecado
passado.
Quando usada com o sentido de “em vista de”, lcm a‘an não transmite especificamente
a idéia de causa. Em passagens como Deuteronomio 3.26 se diz que Deus irou-se com
Moisés por causa dos pecados do povo. Cf. também Deuteronomio 1.37, em que se
emprega b ig la l, “por causa de”, em vez de Fm cfan. O salmista ora para que Deus assuma
o controle de sua vida tendo em vista a força de seus adversários (Sl 5.8 [91). Deus é
louvado por usar as coisas fracas (as criancinhas e os recém-nascidos) para firmar um
baluarte. Ele faz isso não por causa dos adversários do salmista nem para vantagem
deles, mas à vista deles (Sl 8.2 [3]).
As vezes emprega-se a palavra (talvez ironicamente) para mostrar a tolice dos
pecados dos homens. Em Isaías 30.1 Deus condena o povo por estabelecer falsas alianças
espirituais “para” acrescentar pecado e mais pecado. Em Jeremias 44;8 Deus indaga se
a idolatria deles tem por objetivo destruir a eles próprios (cf. Os 8.4; Am 2.7; Mq 6.16).
Obviamente eles não pretendiam destruir a si mesmos nem ofender a divindade. Seu
objetivo era justamente o oposto. Mas incorreram em erro ao se desviar da palavra de
Deus. Não bastavam boas intenções.
Como preposição, 1‘m a‘an designa aquele que deve ser vindicado, i.e., estabelecido
como alguém que é reto. Vemos isso em Gênesis 18.24, em que Abraão pergunta a Deus
se ele pouparia Sodoma “por amor de” 50 justos. Por acaso Deus aprovará a retidão desses
50 justos, demonstrando dessa maneira que a retidão é algo que de fato o agrada, ou será
que a retidão deles será algo fútil (resultando em destruição)? Essa questão foi muito
importante para Abraão naquela etapa inicial de sua caminhada com Deus. Será que
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