DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1259 buÇ (m ãshal)
m ã s h a l ocorre aproximadamente 80 vezes no qal e três vezes no hifil.
Em geral m ã s h a l é traduzido por “governar”, mas a exata natureza dessa ação é tão
variada quanto as situações reais em que ela ocorre. Parece que, em todos os idiomas e
culturas, as palavras utilizadas para designar supervisão, governo, dominação, devem ser
definidas em relação à situação onde tais atividades se dão.
Isso ficará claro com um exame seqüencial dos primeiros usos de m ã s h a l na Bíblia.
O sol e a luz foram criados para “governarem o dia e a noite” (Gn 1.18). Eles são apenas
os luminares mais destacados de dia e de noite. A Eva, representando todas as esposas,
foi dado entender que no lar o marido “te governará” (Gn 3.16). Isso quer dizer que é
próprio para o homem liderar a família — e o significado de tal liderança é bastante
flexível. Deus disse a Caim que ele devia controlar o pecado em sua vida: “a ti cumpre
dominá-lo” (Gn 4.7). No caso do “servo” de Abraão (o damasceno Eliezer?, Gn 15.2) o verbo
aponta para a administração de todos os bens materiais de seu senhor, ou seja, sua
condição de mordomo, e a administração de todos os demais empregados: “seu mais antigo
servo da casa, que governava tudo o que possuía” (Gn 24.2). A condução dos negócios de
uma grande família, na condição de “primogênito por nomeação”, se vê na visão que José
teve dos feixes — pelo menos assim seus irados irmãos a interpretaram: “E sobre nós
dominarás realmente?” (Gn 37.8). Emprega-se m ã s h a l para designar a administração do
Egito por José na função de primeiro-ministro do faraó. Desse modo José afirmou que fora
feito “governador em toda a terra do Egito” (Gn 45.8); e seus irmãos concordaram: “é
governador de toda a terra do Egito” (Gn 45.26). O vocábulo ocorre apenas uma vez em
Êxodo, com respeito à autoridade da lei sobre os cidadãos da comunidade civil mosaicoisraelita:
“[elel não ‘poderá’ vendê-la” (Êx 21.8). A palavra não aparece em Levítico nem
em Números, mas em Deuteronomio (15.6), onde Moisés afirma que a nação de Israel
reinará sobre outras nações sob certas condições — algum tipo de subserviência nacional
diante de uma nação superior — e emprega m ã s h a l duas vezes, uma no perfeito do qal
e outra no imperfeito também do qal. O contexto parece indicar que o domínio está em ser
a nação que dá emprestado ao invés de aquela que toma emprestado.
Outros exemplos, escolhidos mais ou menos ao acaso, mostram que o sentido desta
palavra também abrange a supremacia dos ricos sobre os pobres (Pv 22.7), um rei feroz
sobre um povo oprimido (Is 19.4), a dominação opressiva de um povo sobre outro (Jz 14.4;
15.11), a liderança de uma liga ou aliança de nações (1 Rs 4.4-21), o controle divino
mediante a providência (Sl 89.10 (9]) e até mesmo o poder do autocontrole (Pv 16.32).
Não existe um elemento teológico específico a se extrair do significado da palavra. No
entanto, as passagens citadas acima e as cerca de 70 outras passagens que não foram
citadas demonstram a importância do princípio de autoridade, a absoluta necessidade
moral de respeito às autoridades de direito, o valor delas para a ordem na sociedade e a
felicidade do indivíduo, e a origem de toda autoridade no próprio Deus. A autoridade
possui muitos níveis e tipos. Tem várias bases teóricas. Tem origem em Deus. O homem
como homem não possui absolutamente nenhuma autoridade, mas apenas a de viceregente
de Deus.
m õshel. D o m í n i o . A semelhança de m ã s h a l, palavra da qual deriva, nem sempre é claro
quando m õ s h e l indica uma área ou esfera geográfica de governo e quando aponta para
a autoridade ou soberania em si. A palavra aparece apenas duas vezes, a saber, em
Zacarias 9.10, onde aparentemente tem o sentido de área geográfica (“o seu domínio se
estenderá de mar a mar, e desde o Eufrates até às extremidades da terra”), e em Daniel
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