DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

907c liVTiO (môrâ0 temor.
907 K~r (yãrê0
907d rHiC (môrâ) terror (sentido provável). Ocorre somente na frase shttâ môrâ
lãhem, “infunde-lhes ... o medo”, ou seja, apresenta uma exibição aterrorizante
de poder (Sl 9.20 (21]).
Nesta análise os usos bíblicos de yãrê’ são divididos em cinco categorias gerais: 1)
a emoção do medo; 2) a previsão intelectual do mal, sem que haja ênfase na reação
emocional; 3) reverência ou respeito; 4) comportamento íntegro ou piedade; e 5) adoração
religiosa formal. No AT os principais sinônimos incluem pãhad’, hãtat e hãrad, bem como
várias palavras que se referem ao tremor como resultado do medo.
Exemplos típicos do medo como reação emocional são o temor dos judeus diante do
fogo no monte Sinai (Dt 5.5) e o temor dos judeus em Mispa ao ouvirem da mobilização
dos filisteus (1 Sm 7.7). Outros exemplos dão mais ênfase à previsão do mal sem que,
necessariamente, se indique uma reação emocional. Exemplos disso são a reação de Davi,
enquanto estava na corte de Aquis, de que sua reputação representava um risco para sua
própria vida (1 Sm 21.13) e a previsão de Jacó de que sua família poderia ser-lhe tirada
(Gn 31.31).
Essas duas nuanças estão em mente quando se usa, numa expressão de conforto ou
numa saudação, a ordem negativa de não temer (e.g., Gn 50.19-20). Em tais casos com
freqüência usa-se yãrê’ em paralelo com um ou mais sinônimos (e.g., hãtat, “ser
desmoralizado”; ‘ãrats, “estar aterrorizado”). Um tema semelhante é a definição de
segurança como ausência de temor (e.g., Sl 56.4).
Existem muitos exemplos do terceiro uso citado acima. Tal reverência é devida aos
pais (Lv 19.3), lugares santos (Lv 26.2), Deus (Sl 112.1) e o nome de Deus (Sl 86.11). O
temor de Habacuque diante das obras de Deus (Hc 3.2, EP, “aprendi a respeitar as tuas
obras”) e o temor dos amigos de Jó ao verem a miséria de seu estado são, num melhor
entendimento, este tipo de temor (Jó 6.21).
Em várias passagens, “temer” e ter uma vida correta estão tão intimamente ligados
que são praticamente idéias sinônimas (Lv 19.14; 25.17; 2 Rs 17.34; Dt 17.19). É bem
possível que esse uso de “temer” como virtual sinônimo de ter uma vida correta ou piedosa
surgiu como resultado de ver o “temor” — em todos os seus sentidos acima — como a
motivação que produzia a vida justa. Esse temor prático e atuante é o tipo de temor que
levou Deus a recompensar as parteiras egípcias (Êx 1.17, 21). Esse tipo de temor era mais
apropriadamente aprendido mediante a leitura da Lei (Dt 31.11-12). Uma ação correta,
repetida e enfaticamente associada com o “temor” a Deus, é a bondade para com o
estrangeiro que residia no meio do povo (e.g., Dt 10.18-20; 25.18).
O exemplo mais claro de “temor” como adoração religiosa formal ocorre na descrição
dos sincretistas religiosos do reino do norte, os quais “temiam” ao Senhor com respeito à
adoração pública (2 Rs 17.32-34), embora não “temessem” ao Senhor com respeito à justa
obediência à sua lei. Os elementos de adoração pública formal mencionados em
Deuteronomio 14.22-23 sugerem que esse é o tipo de temor a ser aprendido naquele
contexto. A luz da análise acima e do contexto de Josué 22, a BLH provavelmente está
certa em ali traduzir o verbo como “adorar” (v. 25).
Há umas poucas passagens em que parece que “temer” significa “ser devoto ou
seguidor”. Tal uso pode estar refletindo ou o quarto ou o quinto uso, examinados acima.
Exemplos substantivais afins serão analisados abaixo em yãrê’, mas possíveis exemplos
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