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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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893 KIT (yàtsã0<br />

presente [isto é, pessoalmente]” (cf. Ef 1.4). Ao longo da história de Israel o povo da<br />

aliança com Deus é chamado a recordar essa redenção operada por Deus e a viver á<br />

altura. (Cf. Dt 6.12; 26.8; Jz 2.12; 1 Sm 12.8; 1 Rs 8.16; Jr 11.4; Dn 9.15 e inúmeras<br />

referências em Salmos, particularmente Sl 136.11, mas observe também 106.6-12.)<br />

Um segundo uso tem origem no próprio tema do êxodo. Num sentido técnico yãtsa"<br />

é empregado para designar a emancipação do escravo hebreu, provavelmente alguém que<br />

se vendeu como escravo. Êxodo 21.2 estabelece o limite máximo de seis anos de serviço:<br />

“mas ao sétimo [ano] sairá forro, de graça.” U. Cassuto ressalta que o objetivo dessas le:s<br />

era proteger certos direitos do escravo hebreu e, na verdade, diziam ao israelita: “Fostes<br />

escravos hebreus no Egito e, portanto, deveis agir com amor e compaixão com aqueles que<br />

são escravos hebreus, da mesma maneira como o fostes, não importando qual seja a sua<br />

origem racial.” Parece significativo que esse trecho tenha tanta semelhança com o<br />

preâmbulo do Decálogo, lembrando o povo de Deus que, assim como eles saíram do jugo<br />

egípcio, de igual forma devem sair livres aqueles que tiveram de se vender como escravos.<br />

Relacionado em parte com isso existe um uso técnico com o sentido de “reverter (a<br />

uma situação anterior)”. Levítico 25.8-55 registra as estipulações para o ano de jubileu.<br />

Bens ou moradias que tinham sido vendidos devido à pobreza e que nenhum parente<br />

chegado fora capaz de resgatar voltarão para a posse de seus antigos donos: “Nesse ano<br />

o terreno voltará [lit., ‘sairá’] a pertencerão primeiro dono” (BLH, 25.28, 30, 31, 33). É bem<br />

possível que Isaías tivesse as duas idéias acima em mente quando pronunciou a<br />

mensagem evangélica dc “proclamar libertação aos cativos, c ... pôr em liberdade o s<br />

algemados; ... apregoar o ano aceitável do SENHOR” (61.2-3).<br />

Outro uso teológico de yãtsa' é um desenvolvimento do tema do êxodo. Os profetas<br />

enxergam a corrupção irremediável de Israel e Judá, a qual inevitável mente leva ao<br />

exílio, mas, depois disso, a um retorno. Ezequiel, ele próprio uma vítima inocente de tal<br />

juízo, cita a promessa do Senhor de uma nova atividade, semelhante ao êxodo, em que<br />

Deus redimirá seu povo do exílio. “Agradar-me-ei de vós como de aroma suave, quando<br />

eu vos tirar dentre os povos e vos congregar das terras em que andais espalhados” (20.41;<br />

cf. v. 34). Seu verdadeiro cumprimento se dará somente quando o bom pastor “[tirá-las]<br />

dos povos e as [congregar] dos diversos países e as [introduzir] na sua terra” (34.13).<br />

Desse modo inlroduz-se uma nota de esperança escatológica.<br />

As vezes usa-se yãtsa' com uma ênfase especial na fonte ou origem, especialmente<br />

quando essa fonte é o próprio Senhor, como no caso do fogo (Lv 9.24), orientação<br />

providencial (Gn 24.50) ou salvação (Is 51.5). Também designa palavras que saem da boca<br />

de alguém que fala, como em Jó 8.10; Provérbios 10.18; Neemias 6.19. Em Deuteronômio<br />

8.3, Moisés enuncia um dos princípios basilares da vida espiritual: “Para te dar a<br />

entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede (môtsã0 da boca<br />

do SENHOR.” (Cf. o uso que Cristo faz desse trecho em Mt 4.4.) Embora tanto Ezequiel<br />

quanto Daniel usem uma vez essa expressão, apenas Isaías enfatiza a noção de a palavra<br />

de Deus sair com eficácia. Após um convite universal à salvação, o Senhor assegura a<br />

validade de tal convite com um juramento: “Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca<br />

saiu o que é justo, e a minha palavra não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo<br />

joelho, e jurará toda língua” (45.23). Semelhantemente, num contexto evangélico de<br />

convite para buscar o Senhor e suplicar a ele, Isaías emprega a analogia da chuva<br />

vivificante que desce dos céus para ilustrar a operação eficaz da Palavra divina: “Assim<br />

será a palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me<br />

apraz, e prosperará naquilo para que a designei” (Is 55.11). É tentador considerar que<br />

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