DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

907 K*T (yãré')
verbais são encontrados em Jó 1.9 e 2 Crônicas 6.33.
Temor de várias espécies pode ser causado pelos grandes feitos de Deus (Êx 14.3 l;Js
4.23-24; 1 Sm 4.7-9), pelo juízo (Is 59.18-19), pela lei de Deus (Dt 4.10) e também por
vários agentes humanos (1 Sm 7.7; 15.24).
No piei, yãré' significa “atemorizar” (2 Sm 14.15; Ne 6.9, 14, 19; 2 Cr 32.18). No
nifal, o sentido é passivo, “ser temido” (Sl 130.4, EBB). Usa-se freqüentemente o particípio
nifal para descrever coisas como “terríveis”, “temíveis” ou “aterrorizantes”. Este é um bom
exemplo do caráter gerundivo do particípio nifal, “ser temido” (GKC, 116e). Pode descrever
lugares (Gn 28.17), Deus (Êx 15.11), o nome de Deus (Dt 28.58), os feitos de Deus (Êx
34.10), um povo (Is 18.2) e o dia do Senhor (J1 2.31 [3.4]).
A análise de yãre é complicada pela necessidade de fazer distinção entre aqueles
exemplos que são genuinamente substantivos — e, portanto, analisados nesta seção — e
aqueles que estão envolvidos na forma verbal perifrástica e são, assim, analisados acima,
com o verbo. Nem sempre essa distinção é claramente feita nas traduções e por vezes não
precisa ser feita. O uso mais freqüente do substantivo é para referir-se àquele que teme
a Deus (pode-se empregar diferentes nomes ou expressões para designar Deus). São
encontrados exemplos claramente substantivais (e.g., Êx 9.20; Dt 20.8; Jz 7.3) que
mostram o temor como uma emoção (primeiro sentido acima) ou como uma previsão do
mal (segundo sentido acima). Num maior número de vezes a ênfase recai no respeito ou
reverência, em vez de no terror (Sl 112.1; Ec 8.12).
Aquele que “teme” a Deus concretizará seu temor numa retidão ou piedade que se
manifesta na prática. Jó, como alguém temente a Deus, evita o mal (Jó 1.1). Em Salmos
128.1 a pessoa que “teme” ao Senhor anda nos caminhos de Deus. Os que temem ao
Senhor podem ser aqueles cuja piedade pessoal se manifesta numa reação positiva à
mensagem divina. Aquele que “teme” a Deus é contrastado com o perverso (Ec 8.13). É
algo desejado que aqueles que ocupam cargos de governo sejam tementes a Deus (Ne 7.2).
Bênçãos são dadas àqueles que temem a Deus: felicidade (Sl 112.1, “bem-aventurado”),
bondade da parte de Deus (Sl 31.19 [20]), atendimento das necessidades (Sl 34.9 [10]),
proteção (Sl 33.18-19 [19-20]), misericórdia intensa (i.e., hesed; Sl 103.11) e promessa de
desejos cumpridos (Sl 145.19).
Um uso interessante desse termo encontra-se no salmo 22. Ali a frase “vós que
temeis o S E N H O R ” está em paralelo, de um lado, com “descendência de Jacó” e
“posteridade de Israel” (v. 23 [24]) e, de outro, com a “grande congregação” (v. 25 [26]).
Esses paralelos, especialmente o último, sugerem que o termo é usado para referir-se à
congregação que adora, reunida para adoração. Existem dois outros possíveis exemplos
desse uso (Sl 115.10, 11, 13; Sl 118.3-4).
m ôrã ’. Medo, terror. O vocábulo pode referir-se à emoção do medo, como no caso do
medo causado por Noé nos animais (Gn 9.2) ou à reverência para com Deus (Ml 1.6).
môrã’ também pode indicar motivos exteriores de medo. No exemplo mais claro, môrã*
(Is 8.12, lit., “não temais o temor dele”) é paralelo a um assombramento vindo de fora
(“nem ... vos assombreis”, A R C ). Em outras passagens, o vocábulo é paralelo aos grandes
sinais e maravilhas de Deus e, desse modo, pode ser interpretado como uma referência
aos motivos exteriores de medo (Dt 26.8; 34.12; Jr 32.21). Deve-se assinalar a grafia
variante hebraica, môrâ, em Salmos 9.20 [21]. É mais fácil ver essa forma como uma
variante ortográfica aceitável em vez de entrar no terreno de emendas textuais (e.g., KB).
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