DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1653 n :? (‘ãnâ)
nenhuma herança, a alguém que ficou pobre por má-fé de outrem e a quem, portanto, o
Senhor protege de forma especial.
É questionável se há elementos suficientes para fazer distinções tão precisas. O
Pentateuco, de acordo com a data que lhe é atribuída por estudiosos conservadores, foi
escrito quando nenhum israelita possuía terras, mas todos iriam receber alguma no
devido tempo. A legislação de fato prevê dias quando pessoas ficariam pobres e teriam de
vender suas terras — até o jubileu. Muitas vezes essas pessoas perdiam os seus bens por
má-fé de outros; às vezes havia outros fatores. Elas não deviam ser objeto de
discriminação quando fossem a juízo. Deus era o seu protetor, da mesma maneira como
era o protetor da viúva, a qual estava nessa condição embora isso não fosse culpa de
ninguém. Mas parece questionável e difícil de provar que o vocábulo se refira a uma
classe social em particular e não a uma condição social.
As privações materiais e as dificuldades conseqüentes estão intimamente associadas
à opressão social. A aflição social é o que claramente se tem em mente em Isaías 3.14 e
Ezequiel 18.17. Por isso Deus instrui seu povo a tratar corretamente o ‘ãnf. (Is 10.2). O
rei, de modo todo especial, recebe a incumbência de velar para sempre pelos seus direitos
(Sl 82.3).
Essa palavra também descreve a pessoa afligida fisicamente, como no exílio (Is
51.21), em razão de enfermidade (Sl 88.15 [16]).
Por vezes a aflição física está intimamente ligada à aflição espiritual, como em
Salmos 22.24 [251. Em muitos casos a aflição exterior provoca uma aflição interior, que
faz brotar um grito de pedido de ajuda a Deus (Sl 25.16; 34.6 [7]; 69.29 [30]). Com
freqüência o povo de Deus é descrito como “afligido” (ARA, “necessitado”; Sl 68.10 [11]).
Deus não se esquece deles (Sl 9.18 [19], 74.19). Ele se compadece deles (Is 49.13), salva-os
(Sl 34.6 [7]), livra-os (Sl 35.10) e concede favores a eles (Sl 72.2, 4).
Finalmente, emprega-se o vocábulo no sentido de humilde ou modesto. Descreve o
Messias em Zacarias 9.9. É o contraste com os escarnecedores (Pv 3.34; cf. Tg 4.6) e os
altivos (Sl 18.27 [28]; 2 Sm 22.28). Tal pessoa possui um espírito contrito (Is 66.2), é a
rola de Deus (Sl 74.19), confia em Deus (Sl 14.6) e recebe garantia de livramento (2 Sm
22.28).
As palavras ‘a n i, “aflito”, e 'ãnãw , “humildade”, são muitas vezes confundidas, uma
sendo escrita como se fosse a outra. Talvez haja aqui um caso da conhecida permuta entre
yod e waw (GKC, §17c; Emst WÜRTHWEIN, The text o f the Old Testarnent, p. 72), embora
não seja necessariamente assim. Essa permuta aparece freqüentemente no plural dos
vocábulos. Parece que Isaías não faz nenhuma distinção entre ‘ãni e ‘ãnãw.
*õnf. A fliçã o . Esta palavra indica o estado de sofrimento ou castigo resultante da aflição.
B ib lio g r a fia : — TDOT, v. 6, p. 888-902. — THAT, v. 2, p. 341-50.
L.J.C.
1653 nZI? (‘ãnâ) IV, c a n t a r (e.g., Jr 51.14; Êx 15.21).
Pelo fato de o verbo ‘ãnâ I, “responder”, ser usado com tanta freqüência, é inevitável
que haja confusão entre as duas raízes. Apesar disso, deve-se distinguir esta raiz “cantar”.
Gesenius-Buhl relaciona 12 casos no qal e três no piei; BDB faz algo parecido. Alguns
casos notáveis relacionados nesses dois dicionários são: Miriã cantando depois da
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