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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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852 n r (yôm)<br />

paralelo ao de tãmíd (“continuamente”; Nm 4 .7 ). Antônimos de yôm são: lay'íâ. “noite”<br />

(Gn 8 .2 2 ) e *e r e b , “tarde” (Gn 1 .5 ; cf. Dn 8 .1 4 ). Esta palavra, uma raiz semítica comum (UT<br />

19: n° 1 1 0 0 ), e o conceito de tempo que a cerca não oferecem uma compreensão única de<br />

tempo. (Jenni, THAT, v. 1, yôm, “Tag“). A raiz ocorre 2 3 5 8 vezes.<br />

É importante assinalar que o dia claro não era dividido regularmente por horas, mas<br />

de acordo com fenômenos naturais (Êx 1 8 .1 3 ; Gn 4 3 .1 6 ; 1 5 .1 2 ; 1 8 .1 , etc.). A noite, porém,<br />

era dividida em três vigílias (talvez Lm 2 .1 8 ; Jz 7 .1 9 ; Êx 1 4 .2 4 ). Ademais, aparentemente<br />

existe uma certa dualidade na determinação do início e do fim do dia, sendo que o fim às<br />

vezes é a tarde (Et 4.16; Dn 8 .1 4 ) e às vezes a manhã (Dt 2 8 .6 6 -6 7 ; AI, v. 1, p. 1 8 0 ss.).<br />

A palavra “dia" é cercada de muitos temas t.f*ológicos relacionados à soberania de<br />

Deus. Sendo eterno, Deus precede (Is 4 3 .1 3 ; Dn 7 .9 ) e transcende o tempo (Sl 9 0 .4 ) . O<br />

tempo (“dias”) foi criado por Deus (Gn 1) e está sob seu controle (Sl 7 4 .1 6 ). Observe-se<br />

especialmente o “dia” miraculoso de Josué (SOTl, p. 2 5 9 ss.). O homem é chamado a<br />

reconhecer essa soberania conformando sua vida às divisões do tempo estabelecidas por<br />

Deus (Êx 2 0 .1 1 ; 31.17, etc.). Deus garantiu a regularidade do tempo (Gn 8 .2 2 ) , mas isso<br />

não significa que a regularidade seja uma lei à qual Deus esteja sujeito. Na verdade, um<br />

dia ela será suspensa por Deus (Zc 1 4 .7 ). A semelhança do tempo cosmológico e terrestre,<br />

a duração da vida humana está escrita (Sl 9 0 .1 0 ) , determinada (Sl 1 3 9 .1 6 ) e é controlada<br />

(Dt 3 0 .2 0 ; Sl 55.23 [24]; 9 1 .1 6 ; Is 3 8 .5 ) por Deus. A Bíblia apresenta repetidas indicações<br />

do interesse de Deus pelo tpmpo e por sous acontecimentos (Gn 2 6 .3 3 , 2 4 .5 5 ). A lé m disso,<br />

nela se exibe uma filosofia peculiar (ao mundo antigo) e sempre presente da história.<br />

[Os formuladores de mito no antigo Oriente Médio não concebiam o tempo em termos<br />

de uma seqüência horizontal e linear de acontecimentos, que ia de um princípio histórico<br />

até uma consumação final de todas as coisas. Em vez disso, consideravam o tempo como<br />

cíclico, com a reestruturação e revitalização anuais do universo. Seus mitos da criação<br />

eram recitados em festas anuais de ano novo como palavras mágicas que deviam<br />

acompanhar um ritual de magia a fim de reconcretizar a cosmologia original, a saber, a<br />

passagem do caos para o cosmos. No pensamento mitopoéico o tempo não tem nenhuma<br />

significação nem a história tem sentido algum.<br />

Mas Gênesis 1 deixa perceber uma noção totalmente diferente do tempo. Aqui o<br />

tempo é concebido como linear, e os acontecimentos vão ocorrendo sucessivamente dentro<br />

dele. Ademais, do ponto de vista bíblico o comportamento do homem hoje determina sua<br />

condição no futuro. O tempo é a arena finita em que se demonstrará que a retidão é<br />

recompensada com a vida e o mal é castigado com a morte. Tal ponto de vista atribui ao<br />

tempo de que dispõe o homem o mais elevado valor moral, e a história serve de<br />

instrumento pelo qual pode-se ver o caráter de Deus. B.KW.]<br />

Deve-se também prestar especial atenção à significação teológica de algumas<br />

construções e frases. Emprega-se yôm *ãsher, “o dia quando”, preponderantemente para<br />

introduzir acontecimentos de especial importância na história da salvação (Dt 4 .3 2 ; Nm<br />

15.23, etc.\ veja também o uso com shã). O período “quarenta dias e quarenta noites”<br />

dica, com freqüência, um tempo de reforma (Gn 7 .4 ; Êx 1 6 .3 5 ; 2 4 .1 8 ) e/ou juízo (Jn 3 .4 ).<br />

3 vezes a palavra hayyôm tem o sentido de um período (se não instante) redentivo,<br />

ando Deus conclama ao arrependimento (Sl 9 5 .7 ) , outorga salvação (Sl 1 1 8 .2 4 ) ou opera<br />

oção (Sl 2 .7 ). Quanto ao sentido da frase “dias da antigüidade” ( a r a , “antigüidade”),<br />

ja qãdam. Uma das ocorrências mais controvertidas de yôm é o seu uso no relato da<br />

ação. Muitos fatores ajudam a complicar as dificuldades já existentes para a exegese<br />

eja E. J. Young, Studies in Genesis one, Presbyterian and Reformed, 1 9 6 4 , p. 4 3 ss.). Tal<br />

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