DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1738 riS? (peh)
Essa palavra aparece quase 500 vezes no AT, com maior freqüência em Salmos (66
vezes) e Provérbios (56 vezes). Deve-se, antes de mais nada, fazer algumas observações
preliminares acerca dos vários usos de p e h . 1) O vocábulo designa basicamente o órgão
da fala: a) de Deus (cerca de 50 vezes; somente em Sl 18.8 [9] [= 2 Sm 22.9] e talvez em
Jó 37.2 é que a referência à boca de Deus signifique algo diferente de órgão da fala; b) dos
homens; c) de animais (Nm 22.28). 2) Num número menor de vezes aponta para o órgão
usado para comer e beber {e .g ., Ez 3.3). 3) Tem também o sentido de “abertura”, “saída”,
“entrada”, como, por exemplo, de um poço (Gn 29.2), de um saco (Gn 42.27), de uma
caverna (Js 10.18), de uma cidade (Pv 8.3), e também de “lâmina” da espada (Gn 34.26).
4) Aparece ainda em frases como p e h ’e h ã d , de comum acordo” (Js 9.2, “uma só boca”,
lit.); p e h ’e l p e h , “boca a boca” (Nm 12.8); p e h l ã p e h , “de uma extremidade a outra” (2 Rs
10.21, “de uma boca a outra”, lit.). 5) Há também o uso de p e h com preposições prefixais,
quando tem o sentido de “de acordo com”, “segundo”, “conforme”: “segundo [k epi\ o seu
serviço” (Nm 7.5); “conforme [lepi\ são muitos os anos” (Lv 25.16, TB). 6) Finalmente, usase
p e h em unidades de fração: p e h s h en a y i m (Dt 21.17; 2 Rs 2.9; Zc 13.8). Esta frase em
particular tem sido traduzida de duas maneiras, “porção dobrada” ou “dois terços”, sendo
esta última a mais correta. Por conseguinte, Eliseu não pede uma “porção dobrada” do
poder e capacidade de Elias, mas “dois terços”.
Podemos, então, examinar como p e h é aplicado a Deus e em seguida ao homem.
Cerca de 50 vezes o AT fala da boca de Deus. O Deus do AT é um Deus que fala. Sua voz
não tem estado emudecida. E interessante que, à exceção de duas passagens, ele fala na
condição divina de Senhor. Lamentações 3.38 emprega a frase m i p p i ‘e l y ô n , “ [sai] da boca
do Altíssimo” (IBB). 2 Crônicas 35.22 nos informa que o piedoso rei Josias veio a morrer
porque recusou-se a dar ouvidos às palavras do faraó Neco, as quais vinham “da boca de
Deus [m i p p i ’ê l õ h t m ] ” (IBB).
Tem grande proeminência a expressão ‘a l p i y h w h , “de acordo com a boca [isto é,
mandamento] de Iavé” (lit.; ARA, “segundo o mandamento do SENHOR”). Ela ocorre 24
vezes, 18 em Números, e ainda em Êxodo 17.1; Levítico 24.12; Deuteronomio 34.5; Josué
19.50; 22.9; 2 Reis 24.3. Observe-se a elevada concentração dessa frase no Pentateuco.
Quando Deus fala, ele fala com autoridade e infalibilidade. A fala divina também é uma
fala profética, conforme ilustrado em referências tiradas dos Livros Proféticos (Is 1.20;
40.5; 62.2; Jr 9.11; e t c .) . Por conseguinte, a palavra do profeta não é sua própria
invencionice. Ele se torna a boca de Deus {c f. Jr 15.19). Na boca divina também há uma
palavra criadora: Salmos 33.6 e Deuteronomio 8.3 (viver daquilo que procede da boca de
Deus).
Em Salmos e na literatura de sabedoria os usos de p e h referem-se predom i­
nantemente à boca do homem, não à de Deus. A boca é a manifestação externa do caráter
e índole da pessoa.
A boca é o órgão por meio do qual se constata o relacionamento da pessoa com Deus.
É óbvio que aqui se vê o freqüente tema do louvor a Deus pela boca de alguém (Sl 8.2-3
[34]; 34.1 [2]) ou a oração para que Deus guarde a boca do crente (Sl 142.3).
B ib lio g r a fia : — COUROYER, B., ‘Mettre sa main sur sa bouche’ en Égypte et dans
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V.P.H.
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