DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1652 ITO (‘ãnâ)
O verbo é empregado de diversas maneiras. É usado em referência àquilo que alguém
faz ao inimigo. Descreve o mal-estar que Sara causou a Hagar (Gn 16.6) e aquilo que os
desobedientes fazem aos indefesos (Êx 22.22 [21])- Fala da dor provocada pelos grilhões
nos pés de José (Sl 105.18). Expõe aquilo que o Egito fez a Israel (Êx 1.11-12; isso foi mais
do que mera escravidão). Em Números 24.24 e Juizes 16.5, 6, descreve a dor física
causada pela guerra. E empregado para designar aquilo que Deus faz a seus inimigos (Dt
26.6).
Deus faz uso da aflição para despertar as pessoas ao arrependimento. Por exemplo,
o propósito da peregrinação no deserto foi o de humilhar Israel (Dt 8.2-3). Este é um tema
que reaparece vez após vez nas Escrituras. O exílio, no que diz respeito à sua natureza
e finalidade, é considerado de modo semelhante (Sl 102.23 [241; Is 64.12 [111; Zc 10.2).
Agradece-se, portanto, a Deus pela aflição (Sl 88.7 [81; 90.15; 119.75; Lm 3.33).
Espectadores estão errados em dizer que Deus aflige o Messias (Is 53.4) por causa de seu
pecado.
Outro tema teológico freqüentemente associado a essa palavra é o sofrimento autoinfligido,
que exprime contrição e muitas vezes se faz acompanhar de jejum. Tal
sofrimento é determinado por Deus (Lv 16.29, 31) para o Dia da Expiação. É notável que
essa seja a única ocasião em que jejum e contrição são ordenados por Deus. No nifal o
sentido do verbo é reflexivo, enfatizando o afligir-se a si mesmo (Sl 119.107; Is 58.10). O
Messias há de se afligir em favor dos pecados do povo (Is 53.7). De outro lado o verbo pode
denotar aqui a humilhação do Messias, ao submeter-se às opressões dos ímpios. O
salmista emprega esse conceito para realçar que sua solicitude alcançava até mesmo seus
inimigos (Sl 35.13).
Usa-se o grau hitpael para indicar a ação de sujeitar-se à censura (Gn 16.9) e de
jejuar e estar contrito (Ed 8.21; Dn 10.12).
A raiz também pode ser usada para denotar a humilhação. Um leão novo não se
intimida com os gritos dos pastores (Is 31.4; cf. Ugaritic III AB. B [UT 16: texto 137) 24.
26). Faraó recusa sujeitar-se ao Senhor (nifal, Êx 10.3). Deus não oprime (ARA, “perverte”)
o juízo (Jó 37.23). O salmista diz que Deus enfraqueceu (AT, “abateu”) a sua força; Deus
encurtou os seus dias (Sl 102.23 [24]). Pode-se também encurvar ou humilhar a alma
mediante um juramento a que a pessoa se obriga (Nm 30.13 [14]).
Esse verbo aplica-se ao constrangimento imposto a uma mulher, inclusive à tomada
cativa que é posteriormente abandonada (Dt 21.14), e a casos de relações prématrimoniais
(Dt 22.29; Gn 34.2). Pode ser um crime passível de pena de morte (Dt
22.24).
‘ãn áw . H u m ild e , m a n so. Esse adjetivo ressalta que o alvo de aflição é a condição moral
e espiritual dos piedosos, deixando implícito que essa condição é alcançada mediante uma
vida de sofrimento e não de fartura e alegria mundanas.
‘ãnáw exprime o resultado almejado com a aflição: humildade. O uso que Moisés faz
da palavra para descrever-se a si próprio (Nm 12.3) não revela arrogância, mas apenas
relata sua posição: de absoluta dependência de Deus (cf. a afirmação de Paulo em At
20.19). Dentre todos os homens Moisés era o que estava relacionado com Deus da forma
mais íntima. Ao longo dos demais trechos das Escrituras tal atitude e posição recebem
elogios, sendo aclamada como bendita e desejável. Esse é o propósito que Deus teve em
mente enquanto afligia o seu povo; é caminhando nessa direção que os filhos de Deus
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