DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

983 (klh)
Como fica evidente a partir da variedade de palavras usadas para traduzir k eli, os
tradutores empregaram palavras apropriadas para as situações envolvidas. Assim sendo,
o equipamento de um soldado poderá ser armadura ou armas (Jz 18.16) ou até mesmo
bagagem (1 Sm 17.22). O equipamento de um músico será um instrumento (1 Cr 15.16),
ao passo que o de um construtor será uma ferramenta (1 Rs 6.7). Objetos de ouro e prata
finam ente trabalhados são chamados de jóias (Gn 24.53; Nm 31.50-51) ou vasos ou
utensílios (2 Rs 12.13 [14]), dependendo do contexto.
Dentre as ocorrências 107 têm que ver com os equipamentos do tabernáculo e do
templo. A AEA geralmente emprega “utensílios” como tradução desta palavra. O termo não
se refere aos itens principais do santuário, tais como o altar ou o candelabro, mas aos
equipamentos utilizados com estes itens principais. Nabucodonosor, não encontrando
nenhum ídolo no templo para levar para o cativeiro, pôde apenas tomar esses
equipamentos como símbolos de seu dono (2 Cr 36.7). Entretanto, Deus não era controlado
pelos utensílios, conforme Belsazar haveria de descobrir (Dn 5.2).
B i b l i o g r a f i a : TDNT. v. 7, pp. 359-62. — THAT. v. 1, pp. 831-2.
J.N.O.
983 n t o (k lh ). II. A c e ita c o m o r a iz de:
983a tiT^D (k ily â ) r in s , c o r a ç ã o , m e n t e .
Ocorre 31 vezes em hebraico e também em acadiano, aramaico, árabe, etíope e
ugarítico. Em todos esses idiomas, o termo refere-se aos órgãos duplos localizados na
região inferior das costas, cuja função é filtrar as impurezas do sangue. Junto com a
gordura, eles tinham um significado especial em certos sacrifícios dos israelitas. Quando
usado no sentido figurado, o termo refere-se aos aspectos mais íntimos da personalidade.
Dezesseis das ocorrências dizem respeito às práticas sacrificiais: 12 aparecem em
instruções dadas por Deus, e quatro, em frases que descrevem o cumprimento dessas
instruções. A gordura interna, os rins e o redenho sobre o fígado de animais oferecidos em
ofertas pacíficas, pelo pecado e pela culpa, e também na consagração dos sacerdotes
deviam ser removidos e queimados sobre o altar (Êx 29.13, 22; Lv 3.4, 10, 15; 4.9; 7.4;
8.16, 25; 9.10, 19).
As Escrituras não apresentam um motivo claro para a retirada dos rins, e até o
momento os estudos cognatos também não ajudaram a esclarecer a respeito. Dentre as
sugestões apresentadas incluem-se: 1) a gordura era um quitute especial reservado para
Deus e, uma vez que os rins vinham em geral envoltos em gordura, estes lhe pertenciam
(ISBE. v.3, p. 1797); 2) talvez, devido à sua densidade e cor, fossem associados com o
sangue (IDB. v. 3, p. 9 s.). Ademais, é possível sugerir que havia uma compreensão da
relação vital entre os rins e a pureza do sangue. De um modo geral, a primeira sugestão
é a que oferece menos dificuldades. A idéia de os rins serem um quitute especial surge,
aparentemente, em Deuteronomio 32.14, onde o melhor trigo é literalmente chamado de
"a gordura dos rins do trigo” (ARA, “o mais escolhido trigo”). (Cf. também Is 34:6.)
Duas vezes (Jó 16.13; Lm 3.13) fala-se da morte e da destruição como flechas que
atravessam os rins. Se um guerreiro no antigo Oriente Médio pudesse ser atingido pelas
costas, ele estava muito vulnerável. Aqui os dois escritores estão declarando que Deus os
cercou e os derrotou com sua força superior.
Em dois outros lugares os rins são empregados figuradamente para referir-se ao
721