DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

2146 CTH (rãham)
nascimento não é um simples produto das leis da natureza, mas uma bênção da parte de
Deus (Gn 49.25). O pecador rebelde, porém, não tem filhos (“o ventre [IBB, ‘madre’; ARA,
‘mãe’l se esquecerá dele, Jó 24.20) ou há de ser amaldiçoado com um ventre abortivo (Os
9.14). Israel precisa confessar que ter e manter filhos é coisa de Deus. Os israelitas o
faziam ao separar para Deus todos os primogênitos (dentre seres humanos e animais).
Deus é um Deus de aliança, que exige uma “cobertura” ou “expiação” (veja-se kippêr), um
sacrifício cruento. Por causa do sangue, Deus passou ao longe dos primogênitos dos
“crentes” no Egito. Por conseguinte, todo primogênito daqueles que estão sob a aliança
pertence a Deus e deve ser sacrificado a ele. Entretanto, ele requer que os filhos (e os
animais imundos) sejam resgatados (Nm 18.15). Ele reivindica os levitas no lugar deles
(Nm 3.12). Os idólatras de Israel reconheceram a reivindicação que Deus fazia dos
primogênitos, mas erroneamente os sacrificaram a ele (Ez 20.26).
Todas as pessoas (justas e ímpias) devem a Deus o fato de terem nascido e devem
servi-lo (Jó 31.15). Os israelitas, povo de Deus, eram receptores do cuidado especial divino
(eleição) desde a concepção até a morte. Deus os sustentou durante toda a vida (Is 46.3).
Deus incentiva-os, lembrando-os disso durante a aflição do exílio. Deus aplica esse
princípio a um indivíduo ao dizer a Jeremias (1.5) que, antes de o profeta ser formado no
ventre, ele o havia designado e nomeado para profetizar às nações. Davi, um tipo do
Messias, encontra consolo nessa idéia quando espontaneamente reconhece que desde o
nascimento depende de Deus (“sobre ti fui lançado desde o ventre”, lit.; Sl 22.10 [111). O
mesmo é válido acerca do Servo, o Rei messiânico, cujos passos refletiram, um por um,
a sua dependência do Pai (cf. Is 49.1). Desde o nascimento os eleitos são sustentados por
Deus. É responsabilidade deles reconhecer esse chamado e submeter-se a isso (Jr 1.5).
Deus age na vida das pessoas de modo a levá-las a fazer tal confissão e a se submeter a
esse chamado (Is 46.3, cf. ‘ãnâ III, “aflição”). Por outro lado, desde o nascimento os ímpios
se distanciam de Deus e se perdem (Sl 48.3 [4]).
r a h ã m im . T e m a m isericó rd ia , co m p a ix ã o . Essa palavra mostra a ligação entre
rãham, “ter compaixão” (piei), e rehemJraham, “ventre”, pois rahãmim pode designar o
centro das emoções (Gn 4 3 .3 0 ) ou a expressão de uma profunda emoção (1 Rs 3 .2 6 ; cf. J.
PEDERSEN, Israel, 1936, p. 3 0 9 , 525).
Em várias situações rahãmim faz lembrar que a terna misericórdia divina tem raízes
no amor e na graça voluntária que Deus tem pelos homens. Por conseguinte, o castigo
enviado por Deus é mais desejável do que a ira do homem (2 Sm 24.14). A misericórdia
divina aparece freqüentemente combinada com o hesed, “amor”, “bondade”, e hên, “graça”,
“favor imerecido” de Deus. A indignação e a ira de Deus são o inverso de sua misericórdia
amorosa (Dt 13.18; Zc 1.12; Sl 77.9). Em épocas de cativeiro (especialmente durante o
exílio, Dn 9.18), Israel é instado a se arrepender com base na compaixão divina, que é
como a de um pai (2 Cr 30.9), e Deus reage positivamente a isso (Is 54.7). Por vezes o
salmista implora a Deus que alivie a sua aflição por meio de expressões de ternas
misericórdias (Sl 51.1 [31) ou confessa que o alívio imerecido se deve às ternas
misericórdias e à graça divina (Sl 103.4). O escaton há de testemunhar o amor e cuidado
incondicionais e resolutos da parte de Deus (Os 2.19 [21]), quando Israel se arrepender
(Dt 30.3; Is 55.7; Zc 12.10).
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