DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

2403 ‘ C^E (shãlash)
Depois de chegarem, esperou três dias antes de contar e registrar a riqueza que tinham
trazido consigo (Ed 8.32-33). Semelhantemente Neemias aguardou três dias depois de
chegar a Jerusalém antes de inspecionar os muros (Ne 2.11).
Parece que um período de três unidades de tempo era considerado apropriado para
a justiça percorrer o seu caminho quando moderada pela graça. E assim que José deixou
os seus irmãos presos durante três dias (Gn 42.17). Israel experimentou uma fome de três
anos (2 Sm 21.1) antes de descobrir o motivo, e a seca de Elias durou três anos (1 Rs
18.1). Em cada caso o propósito deliberado foi que as pessoas experimentassem
plenamente a retribuição e em seguida uma restauração pela graça. E bastante provável
que haja um significado semelhante nos três dias em que o corpo de Jesus esteve na
sepultura, ou seja, o pecado do homem sendo plenamente julgado e, ao mesmo tempo, a
graça sendo triunfante.
Um ato feito três vezes dá uma idéia de algo definitivo. Elias se estendeu três vezes
sobre o menino morto (1 Rs 17.21). Depois de ter dado à luz três meninos, Lia sentiu que
agora tinha dado provas de si mesma e que agora Jacó certamente haveria de aceitá-la
sem reservas (Gn 29.34). A tríplice bênção de Arão em Números 6.24-27, na qual se
invoca três vezes o nome do Senhor sobre Israel, tem uma característica definitiva, como
também acontece com o triságio de Isaías 6.3, e, conquanto a doutrina da Trindade não
fique demonstrada nessa passagem, a passagem pelo menos não conflita com a revelação
do NT.
Na condição de numeral que indica a menor quantidade plural, “três” era apropriado
para representar um círculo íntimo de amigos ou seguidores. Assim sendo, dos 30 valentes
de Davi, três foram distinguidos como os mais próximos (2 Sm 23.9). (Cf. também, dentre
os 12 discípulos de Jesus, os três mais próximos.)
O ano religioso tinha completado o seu ciclo após a comemoração das três festas
principais (Êx 23.14, 17), e Daniel teve como regra orar três vezes ao dia.
sh ã lish . E scu d eiro, a ju d a n te. Originariamente esse substantivo designava o terceiro
homem num carro de guerra, aquele que carregava o escudo para o guerreiro e o ajudava.
Esse foi um costume adotado dos hititas e assírios. Bidcar, em 2 Reis 9.25, tem essa
função. Na maioria das passagens a palavra tem o sentido mais genérico de um alto
oficial militar que serve como ajudante do rei (cf. 2 Rs 7.2; 10.25).
sh ã lish im (Qerê), sh lsh w m (Kethib). C oisa s ex celen tes. Essa é uma palavra difícil, que
aparece em Provérbios 22.20. A ARA traduz por “excelentes coisas”, como plural de
shãlish. A BLH traz “trinta provérbios”, analisando aí shelõshim em vez de shãlishim.
Outra possibilidade é shilshõm, “anteriormente” (cf. MM, “desde muito tem po”). A questão
fica complicada devido à obra egípcia “Sabedoria de Amenemopê” um tanto quanto
parecida, que está dividida em 30 capítulos e chama atenção para “esses trinta capítulos”.
Alguns afirmam que se pode demonstrar que Provérbios 22.22— 24.22 depende dessa obra,
pois esse trecho de Provérbios pode ser dividido em 30 ditos. Primeiro, pode-se dizer que
a teoria de depender da obra egípcia é, às vezes, exagerada e algo que não se consegue
de forma alguma encontrar na parte final desse trecho. Em segundo lugar, não é segura
a divisão em 30 ditos ou provérbios. Eles podem ser divididos de modo diferente. Ademais,
pode ser que nesse tipo de escritos houvesse um uso esquemático do número 30 e que esse
recurso estilístico se refletisse tanto na obra egípcia quanto nessa parte de Provérbios.
Para maiores detalhes, cf. R. L. Harris, Proverbs, WBC, p. 556-7.
1577