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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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2039 rup (qãnâ)<br />

15-16). As terras perdidas devido à pobreza podiam ser resgatadas por um parente<br />

consangüíneo ou pelo proprietário original, caso este prosperasse. Caso não se achasse<br />

nenhum resgatador humano, o próprio Deus resgatava a terra no qüinquagésim o ano<br />

(Deus é o resgatador, Sl 74.2, e pai, Is 11.11, de Israel; veja-se g ã ’al). Isso explica por<br />

que as casas existentes em cidades muradas podiam ser vendidas perm anentem ente (i.e.,<br />

elas não envolviam direitos fundiários ancestrais, Lv 25.29-34), por que as casas dos<br />

levitas eram resgatáveis a qualquer tempo (elas eram propriedade pessoal de Deus, seja<br />

porque elas eram o quinhão que ele havia dado à sua equipe pessoal (os levitas], seja porque<br />

elas foram “devolvidas” [e eram santasj para ele) e por que as terras dos levitas<br />

jam ais poderiam ser vendidas (elas tinham sido eternam ente “resgatadas”).<br />

A escravidão era perm itida em Israel em certas condições. Apenas não-israelitas<br />

podiam ser escravos de verdade, i.e., propriedade de um israelita (Lv 25.44 e s.). Todos<br />

os judeus eram irmãos e servos (‘ebed, q.v.) de Deus (Lv 25.42-43). Por essa razào, não<br />

podiam “possuir” um ao outro. Caso, por motivo de pobreza ou de castigo (por roubo), um<br />

judeu fosse escravizado, deveria ser tratado como um servo contratado. Ele podia ser<br />

resgatado (com prado e libertado da escravidão) por um parente consangüíneo ou, caso<br />

prosperasse, por seu próprio esforço. Caso não surgisse uma oportunidade de resgate,<br />

seria posto em liberdade no sétim o (Lv 21.2; Dt 15.12) ou no qüinquagésim o ano (Lv<br />

25.39-46). Era responsabilidade dos parentes consangüíneos “com prar de volta” aqueles<br />

que haviam sido escravizados (Ne 5.8). Essas injunções virtualm ente estabelecem a<br />

abolição da escravidão para os judeus. No N T, em que não há judeu nem grego, e a<br />

teocracia coexiste com a humanidade (G1 3.28; E f 1.20-23), a escravidão é também<br />

fundam entalm ente abolida.<br />

Tendo em vista o que foi exam inado acima, é significativo que Deus, que resgatou<br />

(qãnâ está em paralelo co m g ã W , Êx 15.13, 16; Sl 74.2) Israel do Egito, prometeu trazer<br />

o Israel im penitente de volta ao Egito para ali ser vendido com o escravo. Mas ninguém<br />

haveria de com prá-lo (Dt 28.68). No entanto, o próprio Deus iria com prá-los e tirá-los do<br />

exílio (Is 11.11). Isso se deu por intermédio de líderes do exílio, tal com o Neem ias (Ne 5.8).<br />

Certam ente tudo isso encontra perfeito cumprimento em Cristo (1 Co 6.19-20).<br />

Existem seis passagens em que parece que qãnâ tem o sentido de “criar”: Salmos<br />

139.13 (cf. Gn 4 .1 ; em acadiano a raiz pode ter os homens com o sujeito); Deuteronôm io<br />

3 2 .6 (cf. v. 13; Sl 7 4 .2 ); e Gênesis 14.19, 22 (vejam-se paralelos ugarítico e fenício, AI, p.<br />

3 1 0). E objeto de debates se em Salmos 78.5 4 o verbo tem o sentido de “criar” ou de<br />

“adquirir” (num sentido geral), embora se deva dar preferência ao primeiro sentido.<br />

Interessantíssim o é o uso em Provérbios 8 .22. Se estiverm os certos, então Provérbios nos<br />

fala acerca da geração eterna da Sabedoria, i.e., de Cristo (Jo 1; Lc 11.49). [A relação<br />

entre essas duas raízes ou entre os dois sentidos da única e m esma raiz tem sido bastante<br />

debatida. É interessante que todos os termos derivados revelam o sentido usual de<br />

“adquirir”, “possuir”. Os dados de Ugarite parecem com provar o sentido possível de<br />

“criar”, em bora diversos dos usos em ugarítico se encontrem em textos entrecortados e<br />

difíceis. O principal em prego em ugarítico é o título de Asera com o “criadora dos deuses”.<br />

Mas o título de El, a principal divindade, é “criador” (bny). Provavelmente em ugarítico<br />

a palavra qny deve ser interpretada com o “aquele(a) que gera” em vez de “criadoKa)”. A<br />

ARA traduz o início de Provérbios 8.22 por “o SENHOR me possuía”, ao passo que a IBB traz<br />

“o Senhor me criou”. R.L.H.1<br />

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