DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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conforme ficou demonstrado com as escavações em Ras Shamra, a cultura cananéia na
realidade estendia-se ao longo do litoral sírio, indo bem para o norte, até a própria
Hamate. Sua fronteira ocidental era o mar Mediterrâneo, e sua fronteira oriental, o rio
Jordão (Nm 13.2; 17— 33; 34.2-12; cf. Gn 10.19). Num sentido mais limitado, Canaã
indicava a faixa litorânea, especialmente a parte norte, que também era conhecida como
Fenícia (Nm 13.29; Js 5.1). No início da história de Israel, os cananeus habitavam o litoral
e as planícies, e os amorreus, a região montanhosa (Nm 13.19; Js 5.1; 11.3; Jz 1.27 ss.).
Canaã era uma terra habitada (Êx 16.35; cf. Js 5.12). Os patriarcas viveram ali (Gn
31.18; 37.1). Quando citado como “terra dos cananeus”, o território é descrito como “terra
que mana leite e mel” (Êx 3.8; 13.5), uma expressão que aponta para a fertilidade e
abundância da terra. Localizadas em Canaã estavam as cidades de Hebrom (Gn 23.2, 19),
Siqném (Gn 33.18), Luz (ou Betei, Gn 35.6), Manre (Gn 49.30) e Siló (Js 21.2). Em uma
oportunidade Canaã é chamada de “terra dos filisteus” (Sf 2.5).
Um as poucas passagens apresentam uma avaliação negativa de Canaã. Isaque
advertiu Jacó a não se casar com uma das filhas de Canaã (Gn 28.1, 6; cf. 36.15). Israel
também recebeu a instrução: “nem fareis segundo as obras da terra de Canaã” (Lv 18.3).
Posteriormente um autor queixou-se de que os israelitas desobedeceram e “sacrificaram
aos ídolos de Canaã” (Sl 106.38).
A terra de Canaã assume um caráter teológico não apenas como “a terra em que [os
patriarcas] habitaram como peregrinos”, mas como a terra que é dádiva de Deus (Êx 6.4).
Canaã é a terra que o Senhor dá a Israel (Nm 13.2). Deus disse a Abraão: “Dar-te-ei e à
tua descendência ... a terra de Canaã, em possessão perpétua” (Gn 17.8). Essa aliança
com Abraão é citada em Êxodo 5.22— 6.8, uma passagem significativa que é um sumário
das intenções de Deus com Israel, sumário este apresentado em resposta à indagação de
Moisés. Faz parte do objetivo divino que Israel habite em Canaã, o lugar da abundância,
e a este lugar ele volta após o exílio. Deus deseja o bem do seu povo. Canaã é dada a
Israel como possessão (Lv 14.34; Dt 32.49) e como herança (1 Cr 16.18 = Sl 105.11).
Muitos interpretam que Isaías 11.10-12 diz que todos os remanescentes judeus dispersos
haverão de ser reunidos na terra de seus ancestrais sob o senhorio da Raiz messiânica de
Jessé.
k cn a ‘ã n i. C a n a n eu (s). Este vocábulo refere-se tanto aos descendentes de Canaã quanto
aos habitantes de Canaã, e às vezes a mercadores (veja k°na‘an II).
U m dos descendentes de Simeão tinha mãe cananéia (cf. Gn 46.10 = Êx 6.15) — um
exemplo de casamento misto que impediu Israel de permanecer uma raça etnicamente
“pura”.
Aqueles que moravam na Palestina antes da conquista eram conhecidos como
cananeus (Gn 12.6). Sua destruição fora ordenada por Deus, e há passagens que os
relacionam entre aqueles que foram desapossados por Israel (Js 5.1; 11.3; 13.4). A total
falta de obediência de Israel significou que os cananeus continuaram a viver entre os
israelitas (Js 16.10; Jz 1.27-33). Os cananeus eram imorais em suas práticas, como se
percebe claramente tanto nas Escrituras (Êx 23.23-24) como na literatura encontrada
desde 1929 na antiga Ugarite. Avaliações negativas acerca deles já haviam sido feitas na
época dos patriarcas (Gn 24.3; 28.8). Por isso Israel recebeu ordens de derrubar os ídolos
deles, de abster-se de fazer aliança com eles (Êx 34.11-16) e de destruí-los, para não
perverterem a religião pura de Israel (Dt 7.1-5 ss.; 20.17-18). N a realidade os israelitas
não destruíram os cananeus, por fraqueza ou por misericórdia imerecida ou ainda por
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