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DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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698 "ion (hsd)<br />

Bible, com uma introdução por G. A. LaRue; essa dissertação é um divisor de águas do<br />

assunto. Suas idéias têm tido ampla aceitação. Em poucas palavras, Glueck teve como<br />

ponto de partida o crescente pensamento de que Israel estava ligado à sua divindade por<br />

meio de alianças, tais como os tratados dos hititas e de outros povos. Ele sustentava que<br />

Deus é descrito como alguém que se relaciona com Israel basicamente dessa maneira. Os<br />

Dez Mandamentos, etc., eram estipulações da aliança; as vitórias de Israel, recompensas<br />

por guardar a aliança; sua apostasia, violação da aliança; e a hesed divina não era<br />

basicamente misericórdia, mas lealdade em face das obrigações da aliança, uma lealdade<br />

que os israelitas também deviam demonstrar. Glueck foi, em grande parte, seguido por<br />

W. F. Lofthouse (1933), N. H. Snaith (1944), H. W. Robinson (1946), Ugo Masing (1954)<br />

e muitos outros.<br />

Houve, porém, outros que discordaram. F. Assension (1949) defendeu a idéia de<br />

misericórdia, baseando seu ponto de vista nas versões do Ar. H. J. Stoebe (dissertação de<br />

doutorado em 1951, também artigos em VT, 1952, e em THAT) defendeu cordiabilidade,<br />

bondade. Sidney Hills e também Katherine D. Sakenfeld (The meaning o f hesed in the<br />

hebrew bible: a neiv inquiry) sustentou que, de modo geral, hesed denota atos espontâneos<br />

de resgate ou livramento, que, no linguajar profético, inclui fidelidade. Quanto a esse<br />

apanhado histórico e as respectivas referências, veja SAKENFELD, p. 1-13 (doravante<br />

chamado Sak.); veja também LaRue, no livro de Glueck (doravante chamado G,).<br />

Este escritor ressalta que há considerável diferença teológica entre entender os Dez<br />

Mandamentos, por um lado, como estipulações de uma aliança restrita a Israel, à qual<br />

Deus permanece fiel e para as quais ele exige lealdade, e, por outro, como princípios<br />

eternos que têm origem na natureza de Deus e sua criação, aos quais todos os homens<br />

estão obrigados e com base nos quais Deus julgará com justiça ou, indo além disso,<br />

mostrará amor, misericórdia e bondade.<br />

Quanto ao sentido da palavra hesed, é conveniente partir, como o fizeram G. e Sak.,<br />

do uso secular, ou seja, entre uma pessoa e outra. G. sustenta que hesed é praticado numa<br />

relação que eticamente vincula parentes, hóspedes, aliados, amigos e governantes. É<br />

fidelidade a obrigações da aliança, explícitas ou implícitas. Sak. analisa o mesmo material<br />

e conclui que, de fato, há um relacionamento presente (o amor quase torna necessária a<br />

relação sujeito— objeto), mas a hesed é gratuitamente concedida. É essencial a “liberdade<br />

para decidir”. A ajuda é vital, alguém está em posição de ajudar, e o ajudador o faz dentro<br />

de sua própria liberdade. Portanto, esse Mé o aspecto central em todos os textos” (p. 45).<br />

Parece que G., seguramente, encontra a idéia de obrigação onde ela é inexistente.<br />

Stoebe analisa extensamente hesed em THAT (p. 599-622) e comenta (p. 607) que 1 Reis<br />

é um caso em que a hesed é inesperada. Ben-Hadade estava derrotado. Ele não podia<br />

reivindicar direito algum. Ele esperava por misericórdia, bondade. Stoebe também cita os<br />

homens de Jabes (2 Sm 2.5). Saul havia morrido derrotado. Parece que o cuidado para<br />

com o corpo de Saul foi claramente um ato espontâneo de bondade.<br />

Da mesma forma, a disposição de Labão de enviar Rebeca para Isaque não tinha<br />

origem em nenhuma obrigação da aliança (embora G. cite o apelo à providência, Gn<br />

24.50). Ele facilmente poderia ter dito “não”. A bela história de Rute perde o brilho caso<br />

se considere a ação de Rute como motivada por obrigações contratuais. O Senhor não<br />

tinha nenhuma obrigação de conseguir para as viúvas novos maridos em Moabe (1.8, 9).<br />

Rute foi com Noemi por puro amor. Boaz reconheceu como bondade o ato de Rute (2.11,<br />

12) e chama-o de hesed em 3.10. Até mesmo G. inclinou-se aqui para a idéia de bondade.<br />

A ação de Raabe foi de bondade (Js 2.12). Natural e legalmente a sua lealdade seria para<br />

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