DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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devem suportar aflições. Os humildes consideram e experimentam Deus como seu
libertador (Sl 10.17; 76.9 [10]), dele recebendo graça (favor imerecido; Pv 3.34). Regozijamse
quando Deus é louvado, buscam a Deus (Sl 69.32 [33]) e guardam suas ordenanças (Sf
2.3). Esperam em Deus (Sl 37.11) e são guiados por ele (Sl 25.9). São, assim, louvados por
serem melhores do que os orgulhosos (Pv* 16.19). São contrastados com os ímpios (Sl
37.11) e os escamecedores (Pv 3.34). Isaías (61.1) escreve que é para tais pessoas que o
ungido do Senhor irá pregar as boas novas de salvação (aqui o vocábulo é paralelo de
“quebrantados de coração”). Têm consciência da aprovação divina e confiam que, no
eschaton, Deus os salvará (Sl 76.9 [101; 147.6; 149.4).
E interessante que o pão asmo da Páscoa é chamado de “pão de aflição” (Dt 16.3) na
medida em que constitui uma lembrança física do pecado, que é a causa derradeira (às
vezes imediata) da aflição (Sl 25.18), da escravidão do pecado (especialmente aquele
sofrimento no Egito) e do livramento divino (Lm 3.19).
‘ãnãw â. H u m ild a d e , b ra n d u ra . A palavra expressa essas duas qualidades alcançadas
pelo homem na escola da aflição. Aplicada ao Messias, ela tem a conotação de sua
brandura em sujeição à sua própria natureza (Sl 45.4 [5]).
‘ãni. P o b r e , fr a c o , a flito , h u m ild e. O ‘ãni é basicamente alguém que sofre algum tipo
de incapacidade física ou aflição (G. B. Gray, Isaiah, in ICC, v. 1, p. 310).
O ‘ãni, embora freqüentemente empregado em paralelismo sinônimo com *ebyôn e
d a l, difere de ambas as palavras pelo fato de dar a idéia de alguma disfunção física ou
aflição. Em Deuteronômio 24.14-15 o empregado assalariado é descrito como ’ebyôn e ‘ãni.
Israel recebe instruções para não oprimir o seu empregado, mediante retenção dos
salários, por ele ser um ‘ãni. Ademais, se for oprimido, ele pode suplicar a Deus. seu
defensor. Vemos que, financeiramente, o *ãni vive dia após dia, e que, socialmente, é
indefeso e sujeito à opressão. Conseqüentemente, utiliza-se muitas vezes essa palavra em
associação com ’ebyôn para exprimir as dificuldades resultantes da falta de bens
materiais. O povo recebe ordens para dar esmolas ao ‘ãni, o que tem a aprovação e a
bênção divina (Dt 15.11). Deus instrui seu povo a fazer empréstimos ao ‘ãni em Israel,
mesmo quando ele só tem a sua capa como garantia ou penhor do empréstimo (veja-se
‘ãbat), e a não afligi-lo ainda mais com a retenção daquela peça de vestuário de um dia
para outro, pois o *ãni precisaria da capa para se manter aquecido (Êx 22.25-26), pois
essa era sua única capa. Levítico 19.10 diz que o ‘ãni, juntamente com o estrangeiro, tem
o direito de apanhar as respigas do campo. Em Provérbios 22.22 estabelece-se distinção
entre o ‘ãni e o dal, “pobre”: “Não roubeis ao pobre [dal], porque é pobre [dal], nem
oprimas em juízo ao aflito [‘ãni]n. Deus é apresentado como o protetor e o libertador dos
aflitos e ordena a seu povo que aja de forma igual. Assim, quem obedece a isso é
considerado piedoso (Ez 18.17), ao passo que aqueles que se insurgem são considerados
ímpios (Jó 24.9; Pv 14.21; Is 58.7).
F. Hauck e S. Schultz sustentam que esse vocábulo bastante debatido “é, antes de
mais nada, um termo social e econômico como 'ebyôn, dal e rãsh, ‘aquele que está na
posição de servo’. Descreve alguém que não possui bem algum e que, por isso, tem de
ganhar o seu próprio pão servindo a outros” (TDNT, v. 6, p. 647). Eles admitem que um uso
mais elaborado se refere a uma posição social inferior, à aflição, a um nível de vida baixo
(ibid., 888). Sustentam que, no Pentateuco, a palavra diz respeito a um homem sem
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