DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

1342 *7ra (nãhal)
Associado ao estudo desta raiz encontra-se o extenso ensino bíblico sobre “herança”.
Nosso esboço do uso dessa palavra vai ser dividido em: a herança que Deus dá aos
piedosos, as regulamentações sociais e legais acerca da terra, a terra com o possessão de
Yahweh, e Deus como a herança/legado dos piedosos.
A terra toda pertence a seu Criador (Sl 47.4 151), e ele de tal maneira governa todas
as coisas que Israel recebeu a possessão especial de Deus (Dt 32.8 e s.; Êx 15.17), a terra
digna de reis e onde m ana leite e mel (Dt 31.20), o lugar que representa a verdadeira
salvação (Dt 12.9; c f Hb 3.17—4.13, e nüah). Desse m odo a Bíblia apresenta Deus como
o grande Rei (Jz 8.23; 1 Sm 12.12), o Senhor feudal (Dt 32.8) que soberanamente distribui
suas terras entre os homens 0cf. KD; Is 49.8; 57.13) e obriga seus súditos a lhe prestar
serviços pessoais. No dizer de De Vaux, a idéia feudal amplamente disseminada no antigo
Oriente Médio foi, em Israel, transferida para o plano teológico (A I, p. 164). Por
conseguinte, Deus prometeu (Gn 12.7; Êx 32.13) e deu a Palestina (Js 21.43 e ss., etc.)
para Israel com o herança perpétua (Êx 32.13), condição dependente apenas da obediência
à lei divina (e.g., Nm 33.50-54). Pouco a pouco Deus expulsaria os moradores de Canaã
(Êx 23.30). Essa dádiva, no entanto, haveria de ser conquistada (Js) por etapas. Um a vez
habitada, a terra seria reconhecida como pertencente a Deus e deveria ser preservada
com o santa purificando-a (Dt 20.16), mantendo-a purificada (e.g., Dt 21.23) e consagrandoa
a Deus (Dt 26.1 e ss.). A desobediência era castigada por Yahweh, o soberano de Israel
(Jr 16.9; 17.4). O eschaton envolverá a reocupação da terra, o que é entendido literal ou
espiritualmente, dependendo do ponto de vista acerca do milênio (KD; Ez 47.14; Is 57.13;
cf. Hb 12.25-29).
A divisão da terra por sorteio antes de sua conquista foi uma m anifestação da
soberania divina (Nm 26.56) conforme era bem sabido no antigo Oriente M édio (AI, p.
165). Para um breve sumário das leis que governavam a distribuição e a herança de
terras, c f R. E. NlXON, Inheritance, In NBD, p. 562-3. Para uma análise do significado
teológico, veja R. J. RUSHDOONY, The institutes o f Bibíical law, Nutley, Criag Press, 1973.
Ele trata da economia fam iliar (p. 174 e ss.), das responsabilidades do primogênito e
tam bém das responsabilidades da família para com as mulheres solteiras (p. 179 e s.; D.
LEGGETT, The levirate and goel institutions, Cherry Hill, Mack, 1974), da primogenitura
lim itada (p. 180 e s.), de marcos divisórios de terra com o indicadores da herança social,
moral e espiritual (p. 328 e ss.; Os 5.10), e, de fato, indicadores da própria vida (p. 166,
169; cf. K D ; Dt 19.14; 20.19-20).
A herança divina especial, criada e escolhida, é o povo de Israel (Dt 4.20; Êx 34.9;
cf. At 15.16 e ss.; E f 1.3-4). Essa condição bendita (Sl 33.12) era o fundamento para
petições (Dt 9.26, 29; Sl 28.9) e confiança (Mq 7.14, 18; Sl 94.14; cf. Sl 37.18) especiais.
Pelo fato de Deus ser Senhor deles, não deviam ter uns aos outros com o sua propriedade
(Lv 25.47 e ss.; cf. KD; Is 14.2; S f 2.9). Deus também possui direitos especiais e
perm anentes sobre todas as nações (Sl 82.8; 2.8-9; cf. KD).
A verdadeira herança espiritual dos piedosos (Sl 111.6 e s.; 37.18; KD; Jr 12.14-17)
foi especial e figuradamente representada por Arão, pelos sacerdotes e pelos levitas, os
quais não possuíam propriedade alguma para passar para seus filhos (observe-se, no
entanto, o comentário de KD sobre Nm 18.20 e s.), mas que na realidade tinham a maior
de todas as heranças — o próprio Senhor (Js 18.7; KD ; Ez 47.22).
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