DICIONARIO INTERNACIONAL DO ANTIGO TESTAMENTO

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que determinasse uma escolha. Em alguns casos não apenas o ato em si mas também
aquilo que era escolhido era chamado de “sorte” (Jz 1.3), e as circunstâncias que alguém
experimenta ou mesmo toda a sua vida são a sua sorte (Sl 16.5). O castigo ou recompensa
pode ser a sorte de alguém (Is 17.14; Dn 12.13).
Conquanto 0 hebraico do AT utilize seis verbos com o sentido de atirar, dar ou fazer
cair para descrever o método de determinar a escolha por sorteio, a KJV traduz cada um
deles por “lançar sortes” (Lv 16.8; Js 18.6, 8; Pv 16.33; Is 34.17; J1 4.3). Quanto à sorte,
o texto bíblico diz que ela saiu, caiu (ou recaiu) sobre ou para uma pessoa ou coisa.
Em nenhum trecho o AT explica o que vem a ser sorte ou como se lançavam sortes.
Provérbios 16.33 menciona que “a sorte se lança no regaço”, e Miquéias fala de “lançar
o cordel” pela sorte (2.5); mas essas observações não proporcionam indícios mais concretos
quanto à natureza do- sorteio ou ao método dc lançar sortes. É bem possível que tenhamos
de pressupor técnicas diferentes para os vários locais, épocas e ocasiões. É desconhecida
sua exata relação com o Urim e o Tumim.
O uso de sorteio para determinar a mente e a vontade de Deus continua por todo o
AT, e Provérbios 16.33 explicitamente declara que isso está sob controle divino: “A sorte
se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão”.
Um dos usos mais importantes de sorteio aconteceu na divisão da terra da Palestina
entre os israelitas após as conquistas de Moisés e Josué. Sob a direção de Moisés, Rúben,
Gade e a meia-tribo de Manassés receberam terras a leste do Jordão. Sob Josué as terras
a oeste do mar Morto, do Jordão e do mar da Galiléia foram distribuídas, mediante
sorteio, às demais tribos. Esse sorteio foi feito parcialmente em Gilgal (Js 14— 17) e
parcialmente em Siló (Js 18; 19). Os levitas receberam cidades em áreas de várias tribos.
Essas cidades também foram distribuídas por sorteio (Js 21).
A manutenção do patrimônio familiar encontra-se ilustrada no caso das filhas de
Zelofeade, que nao deveriam casar-se fora de sua tribo para que a herança que possuíam
não ficasse fora da sorte que coube ã tribo de seu pai (Nm 36.1, 2). Por metonímia, usa-se
a palavra para designar a porção de terra outorgada a uma tribo ou família e, desse modo,
torna-se equivalente a nahãlâ, “herança”, heleq, “porção”, y*rushshât “posse”, ahuzzâ,
“possessão”, etc. A partir daí o substantivo passa a denotar “quinhão”, “parte”, “destino”
(cf. Is 17.14; 34.17; 57.6; Jr 13.25; SI 16.5 [c/! BLH]). No fim dos dias o homem ressurreto
lovantar-se-á em seu “quinhão” (IBB; ARA, “herança”, Dn 12.13).
No dia da expiação o destino de dois bodes era determinado por sorteio (Lv 16.8-10)
— um era sorteado para o Senhor e o outro para ser o bode expiatório. O bode em que
recaísse a sorte do Senhor era oferecido sobre o altar, enquanto os pecados dos israelitas
eram confessados sobre o outro bode, que era enviado para longe, no deserto. Esse ato
indicava que os pecados tinham sido levados embora — retirados do meio dos israeíitas.
Era assim que, tipicamente, fazia-se expiação e removiam-se os pecados.
Os vencedores lançavam sortes para dividir os despojos de guerra em geral, de
Jerusalém (Ob 11), dos nobres tomados a Tebas (Na 3.10), do devastado povo de Israel
(J1 3.3 [4.31) e das roupas do Messias (Sl 22.18 [19]; cf. Jo 19.24). Sorte.avam-se também
tarefas a serem cumpridas: os homens que deviam lutar contra Gibeã (Jz 20.9), os
sacerdotes que deviam servir no templo (1 Cr 24.5), as pessoas que deviam morar em
Jerusalém (Ne 11.1) e aqueles que deveriam fornecer madeira para o fogo do altar (Ne
10.34 [35]). Além disso, usou-se o sorteio para descobrir a vontade de Deus na
identificação de uma pessoa culpada no caso de Acã (Js 7.14) (?) e de Jonas (Jn 1.7).
Arraigada na convicção de que Deus controlava a história de Israel e o destino do
indivíduo, a sorte servia para resolver disputas (Pv 18.18).
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